Molhando as Palavras

Blog de curiosidades, opinião, crônicas e afins.

quinta-feira, junho 29, 2006

Slow Europe - divulgue esta idéia!

Assim como a maioria dos brasileiros fui liberada terça-feira para assistir o jogo do Brasil. Pena que nem todos tiveram a mesma sorte ou privilégio (como preferirem chamar), e sem a piedade dos chefes foram obrigados a voltar ao batente logo após a partida. Alguns nem sequer saíram do trabalho. Outros trabalharam apenas de 8h às 11h. Coincidentemente, no mesmo dia, recebi de uma amiga um email sobre um movimento chamado Slow Europe, uma extensão de um outro antigo movimento, o Slow Food, com sede na Itália. Ambos têm como ideologia dizer "não à pressa" indo na contramão dos princípios americanos "time is money" ,"do it now" e tudo o que eles representam.
Segundo a Slow Food International Association as pessoas devem apreciar suas refeições como momentos importantes do dia. Isto é, comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo seja no convívio com a família, sozinho ou com os amigos. A idéia, claro, é se contrapor ao espírito do "fast food" cada vez mais difundido em todo o mundo. No caso do Slow Europe a proposta é a mesma, porém tendo como foco a qualidade de vida do trabalhador. O argumento é claro: o número de horas trabalhadas não é diretamente proporcional à produtividade do empregado/empresa. Prova disso, segundo a revista Business Week, é que embora na França a carga horária seja menor (35 horas semanais) os franceses apresentam uma produtividade maior que americanos e ingleses. O mesmo constatou-se na Alemanha onde a carga máxima foi reduzida para 28, 8 horas semanais, obtendo-se um aumento de 20% na produtividade de seus empregados.
Dados como esses confirmam que trabalhar sem pressa e em menor tempo não significa fazer ou produzir menos, e sim com mais tranqüilidade, vontade e perfeição. De que adianta um empregado cansado, estressado e sem tempo livre para relaxar e viver? A “sanidade” humana também depende de outros estímulos além da obrigação.
Neste caso, o Slow Europe significa muito mais que a simples redução da carga horária. “Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do local presente e concreto em contraposição ao global (indefinido e anônimo). Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais leve e, portanto, mais produtivo, onde seres humanos, felizes, fazem com prazer o que sabem fazer de melhor” (Wagner Algonizo, autor do email).
É difícil pensar desta forma quando diariamente somos obrigados a acreditar que o sucesso profissional é sinônimo de escravidão. Para ser bem-sucedido é preciso viver o trabalho, respirar o trabalho. Só assim a pessoa é vista como o empregado ideal. O que poucos conseguem ver é que o bom profissional é aquele que cumpre seus deveres, mas também tem outros interesses e vontades. Não é o que sabe apenas o que lhe é de ofício, pelo contrário, é o que consegue olhar em volta, aplicando os saberes “mundanos” na sua profissão. Já que não somos máquinas, caráter e personalidade também fazem parte do currículo. Tudo o que se aprende em casa, com a família, os amigos, nas conversas de botequim e viagens, são importantes para o homem-empregado. Pois se este é infeliz fora do trabalho será mais ainda enquanto estiver nele.
Por isso, fico extremamente esperançosa em saber que existem pessoas em prol desta corrente e que o Slow Europe cresce a cada dia, a ponto de incomodar os americanos mais céticos. Quem sabe ele chegue aqui e faça com que os chefes brasileiros revejam seus conceitos e criem novas regras para investir na “qualidade do ser” ao invés de pensar apenas na “quantidade do ter”. Tenho certeza que qualquer empregado ficará muito mais satisfeito e orgulhoso se perceber que a empresa onde trabalha se preocupa com seu bem-estar dentro e fora dela. E quem sabe, na próxima copa, eles deixem os pobres subalternos assistirem os jogos sem preocupação. Afinal, só acontece de quatro em quatro anos. Tempo suficiente para recuperar qualquer trabalho perdido.

segunda-feira, junho 26, 2006

Enquanto houver samba...

Quem assiste Belíssima já deve ter reparado numa música chatinha, em inglês, muito parecida com a canção “É isso aí”, que agora toca insistentemente entre uma cena e outra da novela. Pois é, como se não bastasse termos que ouvir há mais de seis meses, diariamente, a cada três minutos, Seu Jorge e Ana Carolina gritando no rádio, agora somos obrigados a ouvir a versão original da música na TV. Foi então que me lembrei de uma crítica muito boa feita há um tempo por Xexéo em uma de suas colunas sobre a versão da dupla brasileira. A observação hor concour foi a respeito da frase “eu não sei parar de te olhar”, o refrão da canção. O verso original é “I can’t take my eyes of you” que pra ficar bonitinho foi trocado pelo verso anteriormente citado. Provavelmente ninguém parou pra pensar o que raios isso quer dizer. Porque, como é que alguém não sabe parar de olhar o outro? Você pode até não querer, não conseguir (como diz a original), não poder. Agora, não saber!? Convenhamos, trata-se de um acinte a língua portuguesa.
Pior que isso é saber que fatos como estes são rotineiros dentro da mpb. Tanto que Xexéo chegou a criar o concurso “Zum de Bezouro” em homenagem a Djavan, que conseguiu fazer a letra mais sem nexo do último século. O concurso é um sucesso e a cada edição ficamos cientes da quantidade de aberrações produzidas por nossos compositores.
Outro bom exemplo, que na minha opinião está entre as 10 maiores picaretagens da música nacional, é a letra da canção “Lenha”, de Zeca Baleiro. Vamos a ela: “Eu não sei dizer o que quer dizer o que vou dizer. Eu amo você, mas não sei dizer o que isso quer dizer. Eu não sei por que eu teimo em dizer que eu amo você, se eu não sei dizer o que quer dizer o que vou dizer”.
Como uma pessoa gasta uma estrofe inteira para dizer absolutamente nada? E pior, confessando que não está dizendo nada! Numa boa, acho que ele deveria ter ficado calado, já que ele não tem a menor idéia do que está dizendo. Não venham dizer que é falta de sensibilidade minha, que ele está sendo poético. Não cola. Não convence. É sim, uma porcaria. Existem milhões de maneiras de dizer o que ele queria dizer, mas acho que ele escolheu a pior. Se bem, que pelo que entendi, ele não queria dizer nada!
A continuação também não fica pra trás. Prestem atenção: “Se eu digo pare você não repare no que possa parecer. Se eu digo siga, o que quer que eu diga, você não vai entender (ai meu Deus, como é confuso esse homem!!!!!) Mas se eu digo venha você traz a lenha pro meu fogo acender”. Entenderam agora o porquê do título da canção? Sim, a palavra lenha está aí (ufa!). Aliás, existe algo mais cafona do que esta última frase? Rewind, please.
Tudo bem, não sou nenhuma crítica renomada de música, mas graças a Deus tive em casa bons professores, que desde pequena me fizeram ouvir o que até hoje existe de melhor na MPB: os clássicos. Estes são sempre bem-vindos. Pode ser na literatura, no cinema ou na música. Se você não conhece os clássicos, me desculpe, não conhece nada.
Por isso, meu último alento e que me mantém esperançosa é saber que existe o samba. Enquanto ele estiver vivo, seja nos bares, nas rodas, ou nas rádios (o Noca da Portela vai tratar disso), acredito que estaremos a salvo. Quanto ao resto, a gente vai levando, ouvindo, selecionando e se divertindo às custas deles....

sexta-feira, junho 23, 2006

Louvemos aos reservas!!!

Havia prometido pra mim mesma que não falaria de futebol durante a copa do mundo. Mas não deu. Diante da goleada do Brasil sobre o Japão com cinco reservas em campo, tive que me pronunciar. Até que enfim o Brasil mostrou a que veio. Jogando fácil, feliz, tocando a bola com velocidade. Até gol de cabeça o Ronaldo fez. Ele que está tão apagadinho, coitado, despertou para os gols. E tomara que assim continue.
Tudo bem que o Japão foi o adversário mais fraco que tivemos até agora. Mas isto não diminui a atuação dos jogadores que entraram em campo com vontade de conquistar o seu lugar. Acho que as substituições foram válidas não somente pelo desempenho do grupo como para mostrar que ninguém ali é insubstituível. Até mesmo o capitão pode sair se tiver que ser.
Agora fica a dúvida quanto o que nossa técnico Parreira vai fazer daqui em diante. Acho que se pra nós foi um alivio saber que a seleção tem sim futebol pra mostrar, pra ele deve estar sendo uma dor de cabeça e tanto admitir que esse quarteto mágico, de mágico não tem nada. O problema é que além de tudo, Parreira é turrão e dificilmente dará o braço a torcer. O jeito é esperar pra ver. E rezar, rezar muito... Pois se Deus é brasileiro como dizem, ele há de escutar nossas preces.
Louvemos aos reservas!!!

quarta-feira, junho 21, 2006

A sétima arte por Julio Bressane


Outro dia chegou-me às mãos uma entrevista do cineasta Julio Bressane que, como sempre, me chamou atenção. Para quem não conhece, Julio é um exemplo raro de profissional da sétima arte. Aquela espécie de dinossauro do ramo que há 40 anos faz o chamado cinema de invenção sem nunca ter desviado de suas pretensões. Isto é, nunca pretendeu nem fez um filme para entretenimento de massa ou folhetinesco. Talvez por isso, seja muito mais premiado e visto no exterior do que aqui. Seu cinema foi, é e sempre será para poucos.
Dos 26 filmes de sua carreira, “Filme de Amor”, é o único que se aproxima deste perfil, ainda que esteticamente muito longe dele. Tal comparação se dá não pela forma, mas pelos resultados e recursos obtidos para a produção. Foi o primeiro do gênero autoral na história do cinema brasileiro financiado por uma grande produtora, o Grupo Novo de Cinema e TV. Também foi o mais caro longa-metragem que Julio rodou em sua carreira. Seu custo beirou o R$ 1,3 milhão, o que não é nada mal para um filme sem o apelo fácil de grande público. Concorreu e ganhou três candangos no Festival de Brasília 2003 (melhor filme, fotografia e trilha sonora). Além disso, foi seu maior lançamento desde “Matou a Família e Foi ao Cinema”, que em 1970 estreou em 14 cinemas.
Mas foi só. Na verdade, enquanto a indústria cinematográfica brasileira deseja cada vez mais se parecer com Hollywood, Julio segue soberano à margem do mercado com seu peculiar modo de filmar. Desde o roteiro, passando pela equipe, elenco, até o modo como dirige, tudo é a lá Bressane. Geralmente, filmes feitos em família, interpretados por amigos ou pelos mesmos atores, e com uma produção justa, sem exageros. São como obras de arte no sentido literal da palavra, pois para ele cinema é imagem e não enredo. “O cinema sofre hoje de uma ausência de observação da imagem, os filmes estão reduzidos a enredos: o sujeito sai de casa, usa roupa assim e assado, trai o marido, volta e depois se mata. O que é único e precioso - a construção das sombras no fotograma - está fora de questão. Há uma dificuldade que é o fato dessa literatura que pensa a imagem ser quase desconhecida em língua portuguesa”. (Folha on Line).
Exatamente por isso suas tramas são quase sempre consideradas ilegíveis, "malucas" ou muito subjetivas. Críticas válidas, embora muitas vezes fruto da ignorância do público, mas que em nada afeta a sua crença do que considera ser cinema. Ao contrário, o torna ainda mais persistente. Não por teimosia ou vaidade, mas por amor à profissão e à arte que escolheu. “Todos os meus filmes me dão muito trabalho, me são muito difíceis. Não sei por que os faço e, se descobrisse, talvez não os fizesse. Faço-os de uma forma intuitiva. O filmar depende muito dos sinais que estão naquele momento em que estou rodando a cena. Por isso, o que vale num filme é a música da luz”.(Folha)
É por essas e outras que nunca sabemos o que esperar de Julio em seu próximo filme. Tudo o que ele não sabe ser é previsível e óbvio. Pois sua criação vem da transcendência e do instante em que está com a câmera na mão. Como ele mesmo disse, um trabalho árduo, penoso, mas que pela paixão incondicional ele não vive sem.
Portanto, se ainda não viu nenhum de seus filmes, procure e assista. Vale a pena. Mesmo que não gostem, é sempre bom termos referências para justamente aprimorar o gosto próprio. Como ele mesmo defende, a diversidade da forma é que possibilita o triunfo da arte. “O cinema pode ser concebido de muitas maneiras. Talvez esteja vivo até hoje por essa razão: não conseguiram triunfar apesar do esforço gigantesco para a adoção de uma fórmula única. O cinema, como sinto, é aquele que se coloca em movimento, que transpassa todas as disciplinas, todas as artes, todas as ciências e também a vida. É um movimento que atravessa tudo isso. Não é a síntese de todas as artes, o que é uma visão primária. Agora, é nessa travessia que o cinema se faz; abrindo-se para outras disciplinas é que se rasga o clichê. A idéia de que a variedade dos filmes está na variedade dos temas, que um só cinema pode ser produzido, é o fim do cinema. É o totalitarismo tomando conta da democracia” (Folha)

FILMOGRAFIA:
1999 - São Jerônimo
1997 - Miramar
1995 - O mandarim
1992 - Oswaldianas
1985 - Brás Cubas
1982 - Tabu
1979 - Cinema inocente
1978 - O gigante da América
1978 - Agonia
1977 - Viola chinesa
1975 - O monstro caraíba
1973 - O rei do baralho
1972 - Lágrima pantera
1971 - Memórias de um estrangulador de loiras
1971 - Amor louco
1971 - A fada do Oriente
1970 - Cuidado, madame
1970 - Barão Olavo, o horrível
1970 - A família do barulho
1969 - O anjo nasceu
1968 - Cara a cara

















sexta-feira, junho 16, 2006

As descobertas de um marinheiro de primeira viagem


Apenas quem trabalha no centro da cidade sabe o que é o centro da cidade. São raras as pessoas que vão ao centro se não for por este motivo. A não ser em época de carnaval, porque pra se divertir o carioca vai a qualquer lugar. Acredito que os turistas conheçam mais esta parte da cidade do que os próprios moradores. Na verdade, centro é sinônimo de caos. Ainda mais para quem mora na Zona Sul, de frente pra praia, ou numa casa com piscina cercada de passarinhos. Pode ter certeza que uma única ida é capaz de mudar a vida de um ser humano.
Foi mais ou menos o que aconteceu com um amigo. Morador do Itanhangá há um ano sem trabalhar, ele teve que ir ao centro comprar alguma coisa que só encontraria ali. Dizer nomes de rua, direções era tentativa em vão. Não dá pra tentar orientar um estreante quando se está perdido em plena Cinelândia, um dos pontos mais conhecidos da cidade. Eu juro que tentei. Mas no fim já estávamos gritando um com o outro, até que ele disse que se virava sozinho e não era pra me preocupar.
Também tentei, mas não consegui. Graças a Deus ele ligou depois de meia hora para almoçarmos juntos. Disse que já havia rodado tudo e em dez minutos estaria de volta. O tempo se esgotou e resolvi ligar. A única coisa que ele falou foi “Peraí, já te ligo que eu to apostando aqui”, e tu, tu, tu na minha cara. Fiquei sem entender. Apostando? Será que no caminho ele resolveu jogar na loto? Tive que esperar pra saber.
Quando nos encontramos ele estava soando em bicas e com uma cara de desolado. Perguntei o que tinha acontecido e ele disse que perdeu tudo por minha causa. “Pô, eu tava lá há horas só sacando o cara. Acertei todas as vezes. Quando resolvi apostar, errei porque você ligou bem na hora”, disse ainda sem poder acreditar. Na verdade, quem não acreditou fui eu. O sujeito cai nas mãos de um desses clássicos caça-níqueis do centro da cidade e depois reclama comigo?! Não dá! Foi uma daquelas brincadeiras de embaralhar os copos para a pessoa adivinhar depois em qual deles a bolinha está. Ele errou. E disse que por minha causa. “Já tinha apontado o copo, mas na hora o telefone tocou, e no segundo que desviei o rosto para atender ele mudou de lugar". Quer dizer, o cara roubou e ainda sim quem leva a culpa sou eu.
Mas esse não foi seu único desafio. Havia outro, segundo ele, impossível: duas garrafas em pé lado a lado separadas por uma pequena distância. O objetivo é derrubá-las num único lance, como no boliche. Ele tentou, mas o tiro saiu pela culatra. Perdeu mais uma (pelo menos essa eu não atrapalhei). “Era muito difícil. Só uma pessoa conseguiu derrubar”, contou impressionado. Outra novidade que o deixou intrigadíssimo foi um alto-falante instalado no meio da rua tocando piadas. “É muito engraçado. Fica um monte de Zés lá olhando para um aparelho de som, rindo das piadas mais sem graça, deixando o tempo passar”, comentou às gargalhadas.
Ouvindo ele me contar maravilhado de sua experiência percebi que o cotidiano pode facilmente se tornar uma novidade. Depende apenas do olhar. A maioria das pessoas está sempre tão apressada que nem repara o que acontece em volta. Quer dizer, muitas vezes deixamos de nos surpreender com coisas corriqueiras exatamente por que nos parecem corriqueiras.
E no fundo, ele é que está certo. Tudo isso é fantástico. São peculiaridades de nosso povo. Cenas que possivelmente você não verá em qualquer outro lugar do mundo. É o dia a dia da nossa cidade lutando contra a fugacidade do tempo. O lugar onde tudo acontece muito rápido e ao mesmo tempo. Para ele, foi como um "parque de diversão". E pode ser se quiser. Basta mudar o foco e tentar olhar o amanhã realmente como um novo dia.

quarta-feira, junho 14, 2006

Ao Maken

Hoje, faz uma semana que meu grande amigo Marquinhos se foi. Por isso resolvi escrever algumas palavras aos amigos que ficaram. Uma espécie de testemunho de sua existência para celebrar sua alma e sua memória. Para que, enfim, ele descanse em paz e seja feliz na eternidade.
O fato é que ele sempre estará entre nós, pois quem conviveu com ele, seja por longos ou poucos anos, jamais esquecerá de seu sorriso largo, de sua beleza, sinceridade e, principalmente, a sensibilidade do menino no corpo de homem que com suas pernas compridas parecia querer abraçar o mundo. Intenso, fugaz, era assim que se mostrava diante da vida. Seu coração foi sempre tão generoso com os outros que acabou esquecendo de ser também com ele. Atitude que prefiro acreditar ser mais que uma escolha, mas uma missão: a de doar o amor. Acreditar que a felicidade existe mesmo que ele não a sentisse plenamente.
Uma de suas maiores virtudes era reconhecer o erro e não ter vergonha de pedir desculpas. Não se achava dono da verdade. Pelo contrário, queria sempre entender o motivo do outro, o que também o fazia alguém capaz de perdoar. Por isso, o que nos cabe agora é agradecer sua existência e amizade. Agradecer pelas boas lembranças que ficaram.
Ele se foi, mas deixa de heran
ça um pouco do seu sorriso nos nossos rostos, um pouco do seu grande abraço nos nossos futuros abraços, do seu aperto de mão firme quando cumprimentarmos um amigo. Deixou sua habilidade com a bola nas altinhas da praia, seu amor pelo Flamengo nas idas ao Maracanã, sua conversa fiada nos botequins da cidade, seu gingado nas rodas de samba e nas festas dos amigos. O Marquinhos agora está em nós. E se sua amizade nos marcou, a sua ida também nos marcará para sempre. Para lembrarmos do quão bom é estar aqui e poder continuar o que ele não terminou. Sim, esta será nossa missão daqui pra frente. Fazer com que o Marquinhos viva eternamente em cada um de nós, nos nossos gestos e ações. Assim, ele nunca estará só e nós estaremos sempre com ele, esteja onde estiver.
TUDO DE BOM MARQUINHOS!
DESCANSE EM PAZ.

sexta-feira, junho 09, 2006

Quem disse que futebol é coisa de homem estava certíssimo!

Chegou a hora que todos esperavam: a copa do mundo! Particularmente, eu gosto do esporte. Freqüento o Maracanã, sei o que é escanteio, linha de impedimento, mas sinceramente, não há algo mais irritante que mulher se fazendo de entendida de futebol em época de copa do mundo. Nada contra dar palpites, mas é que querer ser malandra da bola de quatro em quatro anos é pedir pra ganhar o troféu de chata. Já basta a mídia querer forçar a barra colocando matéria de mulheres juizas, as esposas que vão pra copa, ou a moda das seleções que vestem Armani,Prada ou Dolce & Gabbana. Não tem jeito. Futebol é coisa de homem. São eles que três vezes por semana ou mais (pode ser de madrugada, domingo de sol, ou segunda chovendo) vão lá suar a camisa para correr atrás da bola. São eles que podem passar cinco horas numa mesa de bar lembrando os gols de cada jogador da copa de 50. Aliás, qual a mulher que nunca teve ciúmes das peladas diárias ou da paixão do respectivo pelo clube de futebol? Aquela do tipo quase doença que o faz desmarcar a viagem programada há meses para ver a final do campeonato carioca? Todas nós já passamos por isso.
Pode parecer machismo de minha parte, mas não é. Na minha opinião, chama-se bom-senso. Mulheres que realmente entendem do assunto são exceções. Assim como um moçoilo que sabe tudo de balé. Claro que existe, e acho ótimo que sim, mas são poucos. O mesmo ocorre entre mulheres e futebol. Não que seja incompatível, mas não faz parte do processo natural da vida feminina. Uma prova disso foi o anúncio publicado numa coluna dessas da high society onde fulaninho oferecia workshop para moças aprenderem sobre o assunto. Por acaso você acha que alguém teria a cara de pau de promover um cursinho teórico para rapazes? Só se fosse para aqueles que se arrependeram de terem trocado a bola pela boneca quando crianças.
Por isso, mulheres do meu Brasil, se vocês fazem parte deste time que nada sabem, continuem assim. É melhor deixar a copa passar. Aliás, aproveitem bastante cada jogo e ouçam, analisem os lances mais importantes. Mas não saiam por aí repetindo o que eles falam. Silêncio é tudo na vida. Limitem-se apenas a se produzir bem (tem cada blusinha ótima no camelô), preparar bons petiscos pra receber os amigos, e só gritar quando for gol (do Brasil, claro!). Pode deixar que seu namorado e nenhum outro ser do sexo masculino vai te achar mais burra porque você não falou de outra coisa a não ser do tamanho das coxas do Roberto Carlos, do corte de cabelo moderno do Kaká, ou da falta de espelho na casa do Ronaldinho Gaúcho (será que ninguém vai obriga-lo a cortar o cabelo e colocar um aparelho?). Eles sabem das nossas limitações. Mesmo que você entenda um pouco do assunto (como eu), sua opinião será sempre, quase que irrelevante. E no fundo, no fundo, eles não esperam muito mais de nós!
Agora é torcer...Pra frente Brasil!!!!


quinta-feira, junho 08, 2006

Tristeza tem fim. Felicidade também. É a vida!

Hoje, a tristeza roubou-me as palavras e calou minha voz.
No lugar, vazio e silêncio.
Além da dor,
Restaram apenas lembranças...

Que meu querido amigo descanse em paz e encontre, enfim, a felicidade que tanto buscou e desejou a todos que o cercava.

E para nós que por aqui ficamos, que isto sirva de lição. A minha eu já tirei: diante da morte tive a certeza que nada é mais valioso que a vida!

Portanto, quando acharem que nada mais vale a pena, olhem para o lado, procurem um amigo, dêem um mergulho no mar, contemplem o sol (nascendo ou se pondo), busquem o amor, e tenho certeza que sentirão a alegria de existir.
Estar vivo é uma benção e esta chance a gente só tem uma vez. É pegar ou largar....

terça-feira, junho 06, 2006

Missão Impossível 3, o (não) filme!

Não sei quem de vocês já teve a infelicidade de assistir “Missão Impossível 3”. Eu tive. Aconselhada pelo bonequinho do Globo resolvi me aventurar. Me dei mal. E como sei que muitos também confiam nele, achei que deveria fazer uma critica (sem blá blá blá técnico) de utilidade pública. Quem sabe não ajudo alguém a poupar tempo e dinheiro indo assistir outra coisa que não isso que eles cismam em chamar de cinema? O fato é que toda a vez que assisto filmes deste tipo, olho pra tela me achando uma legítima idiota. Tudo bem eu já devia saber disso. Afinal, é um longa de ação e o próprio nome já diz o que vem pela frente. Mas como sou muito teimosa, sempre acho que há uma chance de ser melhor que o anterior. Acabou sendo pior.

Pra começar, é tanto barulho, tanto tiro a esmo, que eu só conseguia lembrar daquele anúncio da aspirina, em que o comprimido gigante cai em cima da banda de pagode acabando com a música. Era tudo o que precisava. Em segundo lugar, não há nada mais piegas e mal feito que o roteiro. Vou dar alguns exemplos. Imaginem a cena: o nosso querido Tom (Cruise) tem exatamente seis minutos para pular que nem Tarzan de um prédio para o outro (estamos falando do mais alto do mundo), invadir o outro prédio, e recuperar o “pé de coelho” para salvar a vida de sua esposa. Os companheiros estão a sua espera no carro, contando cada segundo que ainda resta, já lamentando o possível fracasso de Tom. De repente um deles começa a rezar em voz baixa. Então temos o seguinte diálogo.

- O que você está fazendo?
- Rezando.. (pausa). Sabe, quando eu era garota, eu tinha um gato. Ele sempre fugia de casa, então tudo o que podia fazer era rezar para que ele voltasse.
- Puxa (sei lá a interjeição, mas algo parecido), você me ensina essa reza?

Nem preciso comentar. Existe conversa mais sem nexo que esta? Será que a intenção do roteirista era mostrar a fragilidade daqueles pseudos super-heróis? Dizer que eles também sentem medo, têm frustrações? A intenção pode até se válida, agora o modo que ele encontrou foi de tirar o chapéu. Mas tem outra que consegue superar esta. Mais uma vez nosso amigo Tom está numa enrascada daquelas. Ele tem uma bomba ativada dentro de sua cabeça (detalhe,injetada pelo nariz), prestes a explodir a qualquer momento. A única alternativa para desativa-la é recebendo uma alta carga de energia, ou seja, um choque fatal (só em filme não é). Então, ele pede para que sua esposa gentilmente o faça (a essa altura já havia sido encontrada). Ele coloca um palito de sorvete na boca (que eu nem sei de onde veio e pra quê) e na hora que ela vai puxar a alavanca ele fala:
- Peraí! (tira o palito da boca). Eu te amo.
- Eu também (responde ela).

E então, corajosamente, eletrocuta o marido (vocês precisam ver essa cena, é sério!).

Continuando, Tom fica desacordado durante um tempo. O suficiente para sua esposa, uma mera enfermeira, se tornar a melhor atiradora de elite do mundo. Minutos antes do choque ele ensina em cinco segundos como ela destrava, carrega, atira, recarrega, e trava a arma novamente. Claro que ela aprendeu (nem tava nervosa nem nada). E no tempo em que ele está desmaiado os inimigos aparecem e ela mata todos com tiros certeiros. Inclusive, uma das vitimas já havia sido morta por Tom (se não matou pelo menos fez estrago suficiente para deixar o cara impossibilitado de pensar), mas milagrosamente ele ressuscita e pede pra morrer de novo. Tiro na testa, agora só resta salvar o marido. Aí vem o melhor: basta uma respiração boca a boca para ele reviver do choque (isso o roteirista pensou. Ela é enfermeira). Ela o pega nos braços, se beijam. Quando param, ele olha pro lado, vê os corpos no chão e pergunta: “Foi você? Uau!!”(neste momento o cinema inteiro começou a rir. Não da admiração dele, claro, mas da piada que o filme se tornara).

Na verdade, só a presença do Tom Cruise me irritou de primeira. Não sei se por causa dessa história de comer placenta ou por causa do surto durante um programa de TV se declarando para a mulher da vez. Sei que ele parece pior ator que nos outros filmes. Aliás, ele devia se chamar “Forrest Gump” neste Missão Impossível, porque a única coisa que ele faz, além daquelas caras de coitadinho, é correr.

Só pra completar o filme termina propositalmente com uma interrogação: o pé de coelho. Provavelmente, quem quiser saber do que se trata vai ter que assistir “Missão Impossível 4”. Eu to fora. Porque cá pra nós, missão impossível mesmo é conseguir gostar desse filme.




segunda-feira, junho 05, 2006

Amor Perecível

Sempre que vejo um casal de velhinhos passeando na rua me pergunto se um dia estarei na mesma situação. Fui solteira durante alguns anos e felizmente não me recordo de ter lamentado a solidão ou ficado extremamente preocupada com meu estado civil. Passei, claro, por maus momentos, desventuras, desencontros, mas quem nunca sofreu por amor na vida? Aliás, até mesmo dentro de um relacionamento estamos sujeitos a isso. Mas será que a fidelidade, o amor eterno realmente existe?
Sempre achamos que sim quando nos encontramos no estado tolo da paixão. Planejar quando se está apaixonada é realmente empolgante. O difícil é quando o amor acaba, a crise aparece e tudo vai direto para o ralo. Não há frustração maior que ver um ideal de amor fracassar diante de nossos olhos.
O fato é que enquanto somos jovens, curtimos a vida e temos muitos amigos, a “solterisse” não é um tabu. O desconforto é quando a idade avança, o desejo de constituir família vai ficando pra trás e com isso a morte de todos outros sonhos agregados ao casamento. Muitos o consideram uma instituição falida, mas o número de uniões registradas no país cresce a cada ano. O tempo de duração é que tem diminuído. O sonho da vida a dois parece não ter força para superar pequenas crises. Já na primeira turbulência o desejo da liberdade fala mais alto. Cada um para seu lado, divisão de bens, e a idéia do amor eterno se esvai como numa trepada de motel.
Pesquisas dizem que a maioria das separações é causada por adultério. O segundo motivo é o desgaste do tempo (o que pode variar entre dois e 10 anos). Então, como fazer para que nossas relações não morram na praia e no marasmo do dia a dia? Tenho a impressão que numa geração em que o sexo vale a qualquer hora, em qualquer lugar, o libido passou a ser o tempero principal do casamento. Companheirismo e afinidade passaram para segundo plano. Se não tem cama, pode esquecer. Não há vida a dois que resista ao tédio sexual com tanta variedade lá fora.
Para a mulher, estar solteira é realmente um pouco mais complicado. As razões físicas todos já sabem: o desejo de ser mãe que infelizmente pode não ser realizado por questões de segurança para a vida de ambos. Mas também tem a tal pressão social. Aquela que assombra a maioria das mulheres acima dos 30. Não ter um parceiro, mesmo sendo bem-sucedida, significa que seu talento se restringiu ao profissional. No consciente coletivo a mulher tem que ter um homem ao lado. Se estiver sozinha, mesmo tendo conquistado todas as outras coisas, a premissa será a da infelicidade.
Enquanto isso, os homens abusam da oferta. Sem pressa (aliás, querendo sempre adiar o compromisso), eles tentam aproveitar ao máximo os anos em liberdade. Falar em casamento dá calafrio. É o mesmo que sepultar o amor. Até o dia que eles cansam e depois de muita insistência se lançam para o altar. Nem sempre porque encontraram a mulher ideal, mas porque ela o encontrou no momento certo.
Por isso, adoro ver casais de velhinhos de mãos dadas pela rua. Pois eles me remetem a um tempo em que o amor era mais pleno, mais acolhedor e menos vadio. O tempo era um aliado e não um inimigo. Ao observá-los, fico imaginando os anos que se sucederam, as transformações, as crises superadas, os medos, os desejos involuntários, e tudo o que não foi capaz de vencer o mais importante e que deu início a tudo: a arte do encontro. Vendo-os ali, caminhando, apoiados um ao outro, já sem o vigor da juventude, chego a conclusão de que o homem sim é perecível, mas o amor pode ser eterno... Até que a morte os separe.

quinta-feira, junho 01, 2006

Gente, já me disseram que é super difícil deixar comentários, mas algumas pessoas já o fizeram. E devido a variedade de repostas me vi obrigada a divulgar algumas delas.
A primeira é da minha sábia amiga Noa que ao ler o texto de apresentação lembrou-se logo de Almodóvar (filha de cineasta é assim mesmo): "Fazem-se filmes por razões estritamente pessoais, para descobrir coisas para si próprio. É algo muito íntimo e, ao mesmo tempo, irônico, algo que é feito através de um modo de expressão que está forçosamente destinado a um público tão amplo quanto possível". - Amiga, é exatamente isso. Os escritores passam pelo mesmo dilema.
Agora, as respostas sobre "O passado não condena, ensina":
"Ainda bem que o passado não condena senão eu tava ferrada". - Não vou divulgar a autora, mas acredito que tem muita gente pensando a mesma coisa.
"Quem não se lambuza não prova" - Essa é do protagonista da história, dispensa comentários.
"Você escreve bem, é inteligente, mas péra aí! O passado das pessoas não pode condenar seu futuro, frequentar boate é muito pouco para manchar o "currículo social" de alguém. Seria preciso descobrir algumas outras informações, como por exemplo: - Faz jiu-jitsu (orelhudo couve-flor)- Estuda direito (já percebeu a quantidade de idiotas que faz este curso? Sem contar que a OAB é uma das instituições mais podres do nosso país. Se for falar da justiça então......)- Usa gel (se não for paulista não pode!)E por aí vai....Não culpe seu "namorido" (ouvi essa dde uma amiga, acho horrível, mas vcs mumu´s parecem gostar) por ele ter frequentado tal lugar, ser "amigo" de tal pessoa ou até mesmo de estudar direito (hahahahihihi). Pelo que pude perceber (pouco pq odeio cuidar da vida dos outros) vc está com um brilho no olhar que eu não conhecia e isso me emocionou. É lindo ver o amor acontecendo e como isso muda as pessoas. Torço por vc, pelo seu blog, pelo seu coração. Fica com Deus, e não põe muita "pressão" no menino, afinal de contas, é ele quem te completa. Beijão". - Os advogados, adeptos do gel ou praticantes de jiu-jitsu, por favor, não fiquem ofendidos. É que ele frequenta boates (ahahaahha). Brincadeira, obrigada Gu, pelo carinho. Você tem toda a razão!
Finalizando, recebi apenas uma crítica quanto às cores do blog. Por acaso vocês estão tendo dificuldade de ler com essa fonte em azul? Senão eu troco. Aqui é democracia. O que a maioria pede eu faço. Inclusive, vou aproveitar este para fazer o teste.
É isso. Obrigada a todos pelo retorno. E Gabi, minha irmã, pode deixar que eu vou fazer meu superego trabalhar direitinho. Mas se porventura você achar que ele anda falhando, pode me censurar por ele. Eu deixo!

O lado de lá

Sou uma carioca da gema. Carioca mesmo, daquelas que puxa o x, vai a praia com freqüência, se locomove de bicicleta, freqüenta rodas de samba (seja em Cacique de Ramos ou Copacabana) e adora um boteco com cerveja gelada. Mas descobri que conheço muito pouco a minha cidade. Ou o lado obscuro dela, ou o lado que prefiro não ver. Falo das favelas mesmo, da sua dura realidade, dos meninos de rua, enfim, de todo este cenário que presenciamos hoje. Digo isso, pois diante de tantas barbáries no jornal me lembrei do livro “Abuzado”, de Caco Barcello, que com extrema coragem e competência relata detalhadamente a vida na favela.
Para alguns, a história pode ter soado um pouco romântica demais, no sentido da humanização do personagem, que todos devem saber, é o Marcinho VP. Humanizando ou não, sendo romântico ou não, o fato é que o livro revela os bastidores desse mundo paralelo como nenhum outro até agora. É incrível constatar como as leis são outras, os juízos e valores têm outro peso e medida. Lá, é realmente a lei da bala. Vacilou, é tiro. Quebrou com a palavra, vai pro tronco. Deu “cagaço” na hora de dar o tiro, morreu com a arma na mão. Lá, não tem lero, lero, ou segunda chance. Tem que ser tudo de primeira, se não vira inimigo e alvo. É o tal olho por olho, dente por dente. E me desculpem o pessimismo, acho que não há mais nada que possamos fazer para mudar isso.
O que mais me assusta é ver como esses dois mundos convivem tão próximos e vivem de maneiras tão diferentes. Lá, uma guerra pode acontecer a qualquer momento. Enquanto isso, o maior traficante do Rio pode estar ao seu lado, na praia ou no shopping e você nem saberá. Ao mesmo tempo, este mesmo maior traficante do Rio que movimenta sabe lá quantos dólares por mês, dorme em esgotos, no meio do mato, com medo do próximo tiro. É um poder subjetivo. Uma riqueza sem qualquer conforto. Apenas um status de super herói que na falta de todo o resto funciona como a salvação. Melhor ser rei no morro do que em lugar nenhum.
Pior ainda é constatar que nossa policia é tão bandida quanto. Realmente, estamos de mãos atadas, ou melhor, na mão deles. Nós (a minoria rica privilegiada) somos apenas coadjuvantes nesta trama. Obedecemos, assistimos. Ou melhor, fechamos os vidros dos carros, trancamos nossas casas, nos cercamos de muros e fechamos os olhos. Até chegar o dia em que não teremos mais casas pra morar e nem carros para dirigir. Porque tudo será deles!
É o lado de lá. Aquele que foi abandonado, mas todo dia faz algo para nunca ser esquecido. Foi a única condição que nos impuseram: podemos não ter nada, mas vocês também não terão tudo. Nem mesmo paz. E assim a vida continua na cidade maravilhosa...