Molhando as Palavras

Blog de curiosidades, opinião, crônicas e afins.

quinta-feira, agosto 31, 2006

Ser ou não ser, eis a questão......?

Ando com tantas dúvidas na cabeça que elas me roubaram a inspiração. Na falta de assunto resolvi tranformá-las em tema. Não deu certo. Tentei começar, mas quando chegou no meio ficou difícil dissertar sobre elas. Salvei como rascunho.
No fundo, no fundo, queria mesmo era sumir do mundo. Só por alguns dias, sem que ninguém notasse a falta. Nem mesmo eu. Mas, como isso não passa de um delírio fugitivo, só me resta esperar até amanhã. Quem sabe até lá as idéias dêem uma clareda. Quem sabe, eu acorde um pouco menos indecisa. Quem sabe....

terça-feira, agosto 29, 2006

A nova música popular brasileira

A música brasileira continua linda. E mais viva do que nunca. Durante algum tempo a mídia questionava se a mpb teria novos talentos. Nomes que fossem capazes de continuar o que Caetano, Chico, Edu, Tom, Nara, Vinícius, Gil, Bethânia, Elis, Gal, Milton, entre tantos outros começaram décadas atrás. A resposta é sim! Tem muita gente bacana por aí querendo mostrar sua música. Pena que a própria imprensa esquece-se disso. Ignora e não dá espaço pra que eles divulguem seu trabalho. Tive essa constatação ontem durante o lançamento do Sesc Mistura Sound, um projeto do Sesc em parceria com o Mistura Fina e a Modern Sound que vai apresentar 28 novos nomes da música brasileira, que vem se destacando nos últimos anos.
O show começou com a apresentação irreverente do baiano Zeú Britto. Poeta, ator e músico, Zéu faz uma mistura de seus talentos, e de forma performática canta músicas de humor refinadíssimo. Em seguida, foi a vez do Bossacucanova subir no palco. O grupo não tem nada de novato. Já está na estrada há um tempo, e quem foi lá ontem pôde assistir de camarote um show de primeira linha, com músicos de excelente qualidade que faz música boa para qualquer ouvido. Misturando o eletrônico com a bossa nova, eles representam a síntese da música brasileira contemporânea. Esta que tende a misturar ritmos e sons de diferentes linguagens.
E a receita dá certo. Marcelinho Da Lua, Rodrigo Sha, Marcio Menescal, Alexandre Moreira e o percussionista (não sei o nome dele e não encontrei uma matéria que me informasse) formam um quinteto afinadíssimo, onde todos sabem muito bem desempenhar o seu papel. Pra completar, o vocal ficou por conta da Cris Delanno, considerada uma das três melhores vozes nacionais da atualidade. Eles pareciam se divertir no palco. E com certeza estavam. A descontração era tanta que ao final, no improviso, alguns cantores que irão participar do evento subiram no palco para uma canja.
E lá estavam todos os novos talentos da mpb reunidos sem nenhum jornalista se quer pra poder contar depois. Lamentei muito a ausência da imprensa, pois acho que o jornalismo de hoje peca pelo conservadorismo. Não arriscam. Não bancam. Vão sempre no certo, no feijão com arroz. Se Marisa Monte faz show, ela será capa de todos os cadernos de cultura. Se Chico espirra está lá toda a imprensa interessada em saber o motivo. Agora, quando cerca de 30 artistas se reúnem num único evento ninguém vai lá pra saber do que se trata.
Acho uma pena. E por isso faço minha parte. Afinal, os consagrados já têm seu público e sua história. Não precisam tanto da mídia como os que estão "iniciciando" carreira. É preciso valorizar essa gente. Nomes que estão renovando o cenário da música brasileira.Cantores, instrumentistas, ritmistas que beberam na fonte dos clássicos, adicionaram um toque de modernidade, e dão continuidade ao cenário da música nacional. Isto é, provavelmente os artistas que daqui a 10 anos vão garantir que os jornais tenham assunto pra colocar na capa.
ps:Queria dar o serviço e a programação pra vocês, mas infelizmente não saiu em nenhum lugar ainda. O que sei é que o Gabriel Moura abre o evento, dia 04, na Modern Sound.Os shows serão sempre às segundas, ou lá ou no Mistura. Então, basta ver a programação desses locais.

sexta-feira, agosto 25, 2006

O tempo de cada um


O tempo está passando rápido demais”. É o que todos dizem. As teorias são muitas. Os astrônomos dizem que é coisa de órbita, translação, rotação, etc. Os cientistas afirmam que são artimanhas do cérebro. Eu não sei. Pra mim, o tempo é amigo e inimigo, e sua velocidade depende do tempo de cada um. Quando estamos com pressa ele sempre falta. Quando nada temos pra fazer ele custa a passar. Não há regra. A causa/conseqüência está em você.
Tem gente que já nasce tão apressado que chega aos 50 achando que já fez de tudo. Outros seguem no compasso uma pouco mais lento e chegam aos 50 querendo fazer tudo o que ainda não fizeram. E pensam: será que ainda dá? Quando a velhice bate à porta o tempo é o da rotina. E pra muitos a contagem torna-se regressiva: um ano a mais é um a menos de vida.
Mas que diferença faz? A vida é apenas uma passagem. A gente nasce sabendo do fim. O que fazer entre um e outro é que nos diferencia diante do tempo. Traduzindo para o bom português na vida o que vale é atitude. Realizações são ambições naturais do homem. Quem as concretiza morre feliz. Quem as deixa de lado se despede do mundo pedindo pro tempo voltar. O caminho pode ser longo, sinuoso. Outras vezes até fácil demais. O fato é que quem dita os passos é a razão. Quem os deseja é o coração. O essencial é seguir a favor da maré. Não como um barco à deriva, mas como um bom marinheiro capaz de guiar o seu próprio destino.
Claro que nem sempre seguimos o rumo certo. Muitas vezes perdemos dias, meses, anos, pra conseguir acertar. Porém o erro jamais será esquecido. E o tempo nunca será um tempo perdido. Talvez por isso, nunca nos foi dada a opção de voltar. No correr das horas, o que passou, passou. E é no que estar por vir que se pode mudar a história.
Mas o relógio da vida é bem diferente deste que costumamos contar pelos segundos. Esse existe como orientação disciplinar. Serve apenas pra constatar que o homem perece, o mundo gira, o sol se põe, a noite vem, o dia nasce, e assim seguimos simultaneamente juntos. Já o relógio da vida nunca segue no mesmo compasso. Cada um tem o seu girando no ritmo dos próprios passos. Às vezes falha, mas nunca pára. Só quando a alma envelhece ou quando sentimos que já não temos mais sonhos pra sonhar.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Em nome da democracia

Provavelmente muitos de vocês já devem ter recebido de alguém o mail do Fred D'Orey convocando a todos para um encontro/protesto em Ipanema. Então, pra ninguém dizer que eu sou contra o "indignado" e não apoio suas iniciativas, aproveito o espaço para também divulgar.
A social promete ser boa. E com certeza todos os jornalistas estarão lá.
Chega de blá, blá, blá!!!!


E-MAIL:
Amigos e amigas, precisamos marcar um encontro de pessoas que não aguentam mais. Uma coisa simples. Um encontro mesmo. Sem passeata, sem microfone. Por exemplo, um encontro no calçadão de ipanema pra gente ensinar aos nossos filhos a ser cidadão. E principalmente pra mostrar pra essa corja política que não aguentamos mais. Podia ser 5ª feira, 7 de setembro - de 11 horas até meio dia. Que tal? Pode ser que aconteça como em woodstock na década de 60, qdo organizaram um show pra 50 mil pessoas e apareceram quase um milhão. Eles não imaginavam existir tanta gente na tribo. Pode muito bem acontecer isso. Já imaginaram o impacto se rolar uma avalanche? Precisamos dar uma resposta a esses patéticos políticos. Quem não estaria disposto? Uma hora de um domingo pra demonstrar a indignação contra a corrupção que tá acabando com o país. Penso sempre no livro do ignácio de loyola brandão - não verás país nenhum. Se depender de mim, verei.E é por isso que eu vou estar lá e ainda vou arrastar um monte de gente. Chega de bla bla bla. Confirmem, divulguem, apareçam.
Fred
Dia: mudou para o dia 10 de setembro, domingo.
Hora: não sei mais. Antes era às 11h.
Local: Calçadão de ipanema esquina com anibal de mendonça

terça-feira, agosto 22, 2006

Profissão repórter

Realmente está muito difícil viver no Rio. Depois do assalto a D'Orey na Linha Vermelha, uma mulher levou um tiro de fuzil na cabeça enquanto passava pela Linha Amarela. Por uma triste coincidência ela é esposa de um colega de trabalho e prima de uma amiga. Lendo a notícia no jornal, lembrei-me da semana passada, quando ia da Barra pro aeroporto e o motorista falou "Aí que é a Cidade de Deus". Olhei e fiquei pensando sobre a vida na favela. Nas centenas de pessoas que nada tem a ver com a violência e são obrigados a conviver com ela diariamente, ali, nua e crua. Imediatamente recordei dos tempos de estagiária no JB em que fui enviada para cobrir uma chacina de 13 pessoas na Vila da Penha, num domingo de sol. Ali aprendi o que é viver a margem. Ali pude perceber como a rotina banaliza a dor e a crueldade. Ali presenciei o auge da desigualdade social.
O cenário era de terror. Treze corpos entulhados há 12 horas dentro de uma combe abandonada numa ruela. Cheguei exatamente no momento em que os legistas retiravam os cadáveres e o espalhavam pelo chão aos olhos de quem passasse. O fedor era insuportável. Os mortos não tinham mais que 18 anos e estavam mutilados. Tive que chegar perto pra ver. Uma menina tinha um rasgo que ia da vagina até o umbigo. Outros haviam sido degolados ou estavam sem um dedo, sem a mão e com tiros pelo corpo. Nunca tinha visto nada igual. Não conseguia acreditar que um ser humano pudesse ser tão cruel com o outro. Minha vontade era de correr dali, mas tinha uma matéria por fazer.
Enquanto apurava os motivos da chacina, pessoas em volta gritavam pra que eu saísse da frente. "Deixa eu ver aí moça", dizia um. Era a hora do espetáculo. Parentes das vítimas eram chamados pra reconhecer os corpos. E a cada identidade revelada um show a parte acontecia. A impressão era de que aquela era a única hora em quem eles se sentiam importantes, olhados. Era a hora de chamar a atenção. Em silêncio, eu observava os desmaios, os choros e os berros de quem havia perdido um filho, um irmão, um primo, um marido e um amigo. Lembro-me de uma menina que aparentava ter no máximo 15 anos com um filho nos braços. Ela chegou por entre a multidão e reconheceu o marido apenas pelo pé pendurado pra fora do combe. Ele usava o tênis novo que ela havia acabado de lhe dar de aniversário.
Em meio o tumulto, enquanto o fotógrafo registrava tudo sob o melhor ângulo, eu tentava apurar com os policiais o que havia acontecido. O motivo: guerra travada entre grupo de traficantes rivais. Segundo eles, Elias Maluco, chefe do CV na época (2001), organizou um churrasco para comemorar a posse de um dos pontos de droga no Morro do Quitungo, área controlada pelo Terceiro Comando (TC). A fim de retomar o ponto, o TC armou a emboscada. Invadiu o churrasco de surpresa e matou todos que estavam presentes. Para mostrar que haviam ganhado a batalha, o TC colocou todos os corpos na combe e os "devolveram" para o morro Caixa D'água (CV) de onde as vítimas eram moradoras. Devido a isso, a polícia afirmava que todos os mortos eram criminosos ligados ao tráfico.
Terminada a apuração no morro, fomos para a delegacia. Lá, passei por uma das situações mais difíceis, e de repente me vi também reconhecendo corpos. Estávamos aguardando novas informações quando uma mãe chega acompanhada da filha procurando o filho que havia desaparecido no dia anterior. Ela trazia uma foto do rapaz de boné, o mesmo que ele estaria trajando. Disse que o menino saiu de casa para encontrar a namorada num churrasco no Morro do Quitungo e não havia voltado para casa. Diante das coincidências o delegado contou sobre a chacina e informou que o filho poderia ser uma das vítimas.
Na posição de testemunha ocular, peguei a foto das mãos da mulher tentando me lembrar se em meio aqueles 13 cadáveres havia alguém parecido com o rapaz do retrato. Fiquei alguns minutos olhando para a foto pensando se seria capaz de dizer aquela mãe que seu filho estava morto. Não tinha certeza, mas o boné estava lá. Sem dizer nada, passei a foto pro fotógrafo. Afinal, ele ficou horas registrando todos os mortos. A sua opinião era a mesma que a minha, mas pela falta de certeza e de coragem, disse à mulher que não poderia identificá-lo. Aconselhada pelo delegado, ela foi até o IML. No dia seguinte da publicação da matéria tive a confirmação. Em outro jornal, lá estava a foto da senhora ao lado do relato indignado de quem havia perdido um bom filho, inocente, que nada tinha a ver com o tráfico.
Este foi o meu último plantão no JB. Nunca mais voltei a ser repórter. Mas até hoje agradeço à minha profissão por esta oportunidade: a de poder ver com meus próprios olhos o que é viver diariamente diante da morte, da violência, e da miséria, até então, sempre tão distante de mim. E que ainda hoje, às vezes, acreditamos estar de todos nós.

sexta-feira, agosto 18, 2006

Roberto Marinho pra presidente do Brasil!

Hoje, recebi um mail, ou melhor uma troca de mails, um tipo de fórum virtual que foi criado a partir das declarações de Fred D' Orey. Pra quem não sabe, o empresário foi assaltado, sábado, na Linha Vermelha. Ele tinha acabado de chegar da África, e ia do aeroporto para casa. Junto com o carro, os bandidos levaram todos seus pertences pessoais além de material de trabalho, computador, enfim, muita coisa valiosa. Indignado, ele enviou um mail para os amigos, reivindicando uma atitude deles, dos cidadãos brasileiros. Como ele é amigo de muita gente famosa, o e-mail acabou virando notícia de jornal. Foram dois dias dedicados ao assalto a Fred D'Orey.
O fato me causa um certo desconforto. Principalmente com a imprensa que só dá ibope a reclamação de quem é famoso. Primeiro, porque, como ele mesmo diz em sua carta-protesto, o mesmo tipo de crime ocorre cerca de 80 vezes por dia na Linha Vermelha. Isto é, além dele, mais 79 pessoas passaram pelo mesmo constrangimento moral, abuso e violência. Segundo, porque crimes muito piores têm ocorrido na cidade. Basta olhar o jornal ou sair de casa. Terceiro, porque na posição de empresário de sucesso e indignado, Fred já poderia ter feito alguma coisa para mudar a situação do país que anda ruim não é de hoje. Mas, como a maioria dos brasileiros, a sua indignação chegou ao limite somente quando sofreu na pele o que milhões já sofrem diariamente.
Como diz o ditado "pimenta nos olhos dos outros é refresco". Fred parecia achar que o Brasil estava normal, tolerável, até ser assaltado na Linha Vermelha. E a imprensa, vendida, valoriza o caso como se fosse o único. Dá um espaço enorme para um assalto banal frente a tantos outros crimes que acontecem diariamente só porque o cara é conhecido. Será que até pra reivindicar algo no Brasil é preciso ser famoso? Então, é fácil. Vou pegar meu mailing com o nome de todos os artistas da Rede Globo e mandar um mail em protesto contando que meu carro foi arrombado em pleno Leblon, às 12h, pra ver se alguém faz alguma coisa por mim.
De forma alguma sou contra a atitude de protestar e chamar a atenção das pessoas. Ele tem todo o direito de fazê-lo e acho que pelo visto está colhendo bons frutos. Pelo menos sacudiu a cabeça de alguns. Concordo, inclusive, com todas as suas queixas. E sei que sua intenção nem era sair do jornal, já que ele mandou uma mensagem apenas para os amigos. O que me chama a atenção é seu tempo/limite. Tanta gente morrendo em chacinas, com tiros perdidos, seqüestros relâmpagos, em ônibus queimados, e só agora, quando ele é a vítima, a situação do país o amedronta? Desse jeito, todos os intelectuais, artistas e formadores de opinião terão que sofrer algum atentado pra que as coisas mudem. "O cerco está se fechando", diz ele. Eu também acho, só que ao meu ver já se fechou há muito tempo. E não porque os ricos andam sendo assaltados em plena Zona Sul a luz do dia. Mas porque, há décadas, existe uma esmagadora maioria vivendo na miséria.
Não é a primeira vez que digo isso aqui. E provavelmente não será a última. O brasileiro já esqueceu há muito tempo o que é viver em sociedade, o que é brigar por direitos iguais, lutar por um bem comum. Há muito tempo que somos cada um por si. E esta indignação do Fred vem provar porque o Brasil não vai pra frente: porque a gente precisa primeiro experimentar a dor para depois tentar agir. E quando pensamos em agir, não sabemos como nem o que fazer. E então, mais uma vez o discurso vira demagogia. Será que teremos que esperar todos os supermercados da Zona Sul serem saqueados, os prédios serem invadidos para que toda a população se dê conta que o problema é grave e é de todos? O egoísmo é o maior inimigo da sociedade. Por isso estamos como estamos.
Claro que há sempre um ponto de partida. Quem sabe agora que os famosos ficaram tão ofendidos a gente encontre alguma solução. Quem sabe depois dessa, até milagres aconteçam, e o Roberto Marinho, sensibilizado, ressuscite em nome da classe pra se candidatar a presidente da República! Aleluia Senhor!

10 anos de Vizoo

Não é so o Globoonline que está comemorando 10 anos. A revista Vizoo também. A edição de aniversário já está nas bancas e tem uma matéria minha lá sobre o grupo de rock Moptop. Se ainda não ouviu falar nem de um nem de outro, então não perca tempo. Compre já a sua e atualize-se!!!!
Parabéns Pedro Garrido e Dudam pelo aniversário desta filha que já está ficando mocinha. Que vocês continuem nos entretendo e nos informando por mais muitas décadas.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Lealdade

Dizem que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher. Concordo. Não necessariamente nesta ordem. O fato é que quando se está bem acompanhado tudo melhora. O amor engrandece o espírito e enobrece a alma. Tomar decisões torna-se muito mais fácil quando temos alguém para compartilhar a dúvida. Ontem, assistindo a um documentário sobre a vida dos Clinton tive ainda mais certeza disso. A história de vida do casal é incrível. Prova que o amor é capaz de vencer muito mais barreiras do que imaginamos.
Hillary e Bill se conheceram jovens. Os dois eram estudantes. A primeira vez que se viram foi dentro de uma biblioteca. Eles se olharam, se gostaram. Depois de algum tempo de flerte Hillary tomou a iniciativa. Deu certo e desde então eles estão juntos.
No início, a vida foi meio Eduardo e Monica. Hillary queria seguir carreira em Washington. Clinton queria viver em Arkansas, onde nasceu, ao sul dos Estados Unidos. Em nome dele, ela abandona o sonho. Eles se casam, mas Hillary continua com seu nome de solteira. Ela torna-se advogada e sócia do principal escritório da cidade em que moram. Ele segue a política e torna-se o governador mais jovem dos Estados Unidos. A partir daí a vida dos dois se transforma. Hillary estava longe de ser uma simples primeira-dama. Era ativa, participativa, tomava decisões. Chegou a ficar encarregada de alguns projetos sociais no governo do marido, o que muitas vezes foi motivo de crítica. As mulheres americanas a achavam muito independente, o que atrapalhava a popularidade de Clinton. Mais uma vez ela abre mão da carreira, passa a adotar o Clinton como sobrenome, e torna-se dona de casa. Clinton fica cinco mandatos no governo de Arkansas.
Tempos depois Clinton inicia sua campanha para presidente dos EUA. A força de Hillary era tanta que enquanto o marido estava em um estado fazendo campanha, ela estava em outro angariando votos. Clinton é acusado de traí-la. Uma ex-namorada aparece em rede nacional se dizendo amante dele há 12 anos. O casal não se separa. Também vai em rede nacional, juntos, e desmentem um ao lado do outro a acusação. Clinton vence as eleições. Em seu governo, Hillary fica encarregada de projetos ligados a saúde. Suas idéias geram desconfortos internos. Mas ela vai em frente mesmo assim.
Ele é reeleito. Tempos depois, Clinton é acusado de traí-la novamente. Desta vez com a estagiária, Monica Lewinsky. Ele, óbvio, nega. Mas ao ver o circo se fechar confessa o ato. Hillary fica decepcionada, mas não se separa. Ao contrário. Continua ao lado do marido e vai pedir aos senadores que o apoiem contra seu impeachment. Ele vence. A lealdade de Hillary, principalmente.
Hoje, quem está na política é ela. Tornou-se senadora com uma esmagadora maioria de votos. Foi a primeira vez na história dos EUA que uma primeira-dama ocupa um cargo público. Os dois agora moram numa casa mobiliada com os mesmos móveis da primeira casa que tiveram. Foram 17 anos na política desde que ele se tornou governador. E agora o casal tem um lar próprio. Em sua autobiografia ela diz: "Em 1973, eu e Clinton começamos uma conversa. Trinta anos se passaram e nós continuamos conversando".
Alguns podem achar que ela foi burra e que Clinton nem é o melhor exemplo de grande homem. Eu acho que sim. Um jovem de uma pequena cidade do interior virar presidente do Estados Unidos é muita coisa. Ele foi o terceiro mais novo presidente dos EUA. Ao deixar o cargo, teve as mais altas taxas de aprovação para um presidente na história moderna dos Estados Unidos (58% de imagem positiva). E ela agora é candidata ao cargo que um dia foi dele. Sem dúvida os dois gostam muito do poder, mas com certeza eles gostam muitos mais um do outro.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Plantão de notícias

O PREÇO DA FAMA
Deve ser muito chato ser famoso. Não se pode espirrar que tudo vira matéria de jornal. Onde quer que esteja tem sempre um chato de plantão para ver, ouvir e contar depois. A Wanessa Camargo (que agora resolveu ser discreta), coitada, passou mal e não conseguiu ensaiar para o especial “Criança Esperança”. Resultado: todos queriam saber o motivo do mal-estar da moça. Bastou um pouco de sensacionalismo e uma simples gripe se tornou suspeita de gravidez, anorexia, entre outros. Luana Piovanni também não escapou. Freqüentadora do posto 9 de Ipanema, ela foi fotografada num final de semana pela Revista Contigo dando um belo mergulho no mar. Na hora que a moça está lá ajeitando o biquíni como qualquer uma de nós, o mané tirou a foto e colocou o título “Biquíni rebelde”, seguida da legenda “Luana Piovanni dá um mergulho no mar e depois toma uma lata de cerveja pra relaxar”. Que falta de assunto, não? Deixa a coitada tomar a cerveja dela em paz, curtir o fim de semana na praia como quiser. Se a foto ainda fosse dela com a cerveja na mão eu até entenderia a informação. Mas não. É pura fofoca. Realmente, deve ser muito chato viver assim...

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CIFRAS MILIONÁRIAS
Tem clube querendo pagar U$$ 18 milhões por mês para o Ronaldinho Gaúcho jogar futebol. Pensem bem, são R$ 36 milhões de reais fixos, fora todos os cachês e contratos de propaganda, pingando a cada mês na conta bancária de um único cidadão pra ele jogar bola. Enquanto isso, a miséria dizima populações africanas, mantém o Brasil na casa dos subdesenvolvidos, e uma família inteira é obrigada a viver com um salário-mínimo de R$ 300. Juro, como brasileiro, e como alguém que já conheceu a vida na pobreza, eu teria vergonha de ganhar um salário desses. É exagero. Ninguém precisa de tanto pra viver. Se pelo menos ele ajeitasse os dentes!!

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FUTIL É POUCO
O cúmulo da futilidade foi publicado esta semana na coluna Gente Boa, do Globo. Trata-se do “personal de nécessaire”, gente que ganha a vida arrumando a necéssaire dos outros. Na boa, é o fim. Onde nós iremos parar? Só não sei quem é pior o “profissional” ou quem contrata o serviço. Aliás, pra que estudar e ter um diploma num país desses?

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BIZARRICES
A Angélica foi eleita pelos leitores de uma dessas revistas aí, a mulher mais bonita da TV de 2006. Ai, ai......
Nada a declarar!

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UTILIDADE PÚBLICA I
Agora vai uma notícia séria e de utilidade pública. A Biblioteca Nacional abriu inscrição para bolsistas/ pesquisadores de nível superior, estando ou não vinculado a instituições de ensino, centros de pesquisa, entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos. As inscrições encerram-se no dia 27 de agosto. As bolsas variam de R$ 800,00 a R$ 2,7 mil mensais.
Vai se dar preferência a projetos que priorizem a pesquisa em obras do acervo da Biblioteca Nacional. A seleção contemplará obras da área de Humanidades( História, Ciência Política, Letras, Filosofia, Comunicação, Biblioteconomia e Documentação, entre outras). No campo das Letras, os seguintes gêneros literários: narrativa (romance e conto), poesia, ensaio literário, ensaio social.
Projetos para conclusão de obras para autores que já iniciaram a redação de seus originais podem ser apresentados. Podem se inscrever também teses de doutorado e monografias em fase de redação final. Bolsas de Tradução são também oferecidas. É vedado o acúmulo de bolsas de outras categorias, como as do CNPq ou de quaisquer outras agências nacionais e estrangeiras. A duração da bolsa é de seis meses, podendo ou não ser renovada.

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UTILIDADE PÚBLICA II
A Casa da Leitura, em Laranjeiras, oferece diversos cursos de literatura por apenas R$ 30 de inscrição e nada mais. Além de estar num lugar muito agradável, os cursos são ministrados por profissionais da área e professores mestrados. Tem para todos os gostos e idades. Alguns cursos começaram há dois dias, mas com certeza dá pra se inscrever. Para isso você deve ir à Casa da Leitura – Rua Pereira da Silva, 86 – Laranjeiras, entre 9h e 18h, ou entrar em contato pelo tel. 2557-7437, ou pelo endereço eletrônico
casadaleitura@bn.br.

terça-feira, agosto 08, 2006

Esqueça o amanhã

Não é que mais uma vez fui pega pelas coincidências. Ontem à noite fui dar uma espiada no jornal só pra passar o tempo e dei de cara com uma coluna na sessão de economia, do Globo, com o título "Esqueça o Amanhã". Logo me interessei. E não é que estava lá o jornalista/economista Mauro Halfeld falando justamente como todos os outros economistas que conheço. Fiquei chocada.E o que é pior. Ele tira todos os conselhos (os quais concordo) de um livro chamado "Como arruinar sua vida", do consultor americano Ben Stain.Quer dizer, quem seguir meus conselhos vai estar ferrado!!! Quer dizer, depende apenas do referencial e do jeito de cada um ver a vida. Para quem quiser conferir na íntegra: http://oglobo.globo.com/jornal/colunas/mauro.asp

quarta-feira, agosto 02, 2006

Trânsito: problema nosso de todo o dia

De todos os problemas da cidade grande o trânsito é sem dúvida o que mais me incomoda. Irrita. Me tira do sério. Primeiro pela perda de tempo, segundo pelo desrespeito dos motoristas, e terceiro pelo cansaço. Não tem jeito. Posso estar nos meus melhores dias, de super bom-humor, basta dar de cara com o congestionamento que o dia muda. Fica cinzento e chato. Hoje, demorei duas horas para ir da Gávea ao Centro. Tempo suficiente para ir até Itaipava (com direito a parada no Pavelka), Angra, Búzios ou qualquer outro lugar bem longe daqui. Mas não. Foi simplesmente para ir ao trabalho.Agora pare e pense. Este fenômeno acontece diariamente. Se fizermos as contas de quanto tempo de vida perdemos dirigindo dentro de um carro é capaz de muita gente nunca mais sair de casa, a não ser para bem perto e a pé.
Mas como não há opção, o jeito é se acostumar. E a vida então passa a ser programada a partir dos atrasos. Quer dizer, não dá pra pensar em distância/tempo. Deve-se sempre colocar o fator trânsito na sua programação. Sempre me dou conta disso quando dirijo à noite (aliás, desde que comecei a trabalhar no Centro fiquei meio psica em cronometrar o tempo. A meta é bater recordes). De madrugada ou após a hora do chamado rush é possível cruzar a zona sul do Rio em 10, 15 minutos. Tudo, na verdade, é muito perto. Mas, infelizmente, aqui na cidade maravilhosa, 100 m é capaz de se tornar uma longa e dolorosa cruzada.
A primeira evidência do problema está na quantidade de ônibus. Pior, ônibus que fazem praticamente o mesmo trajeto. E geralmente esses são os que passam a cada três minutos, enquanto os outros que só tem uma linha para tal lugar demoram mais de 20 para chegar. A incompetência do governo é tanta que ao invés de construírem um metrô ligando a cidade toda, ou pelo menos os bairros da Zona Sul, eles inventaram uma linha de ônibus grátis para completar o percurso. É ou não é muita falta de vontade? Se o transporte público fosse um pouquinho melhor, tenho certeza que o trânsito iria melhorar bastante. Eu, por exemplo, jamais pegaria meu carro se tivesse um metrô perto de casa para me trazer até o Centro. E tenho certeza que muitos fariam o mesmo.
Outro grande fator é o desrespeito dos motoristas com o próximo. É incrível como o ser humano consegue demonstrar todo o seu egoísmo quando está dentro do carro. O cara pode ser o mais calmo, o mais gente boa, pacífico na vida familiar e com os amigos. Bastou entrar no carro que o sujeito se transforma. Parece que vestiu a farda e acabou de se tornar um soldado de guerra obstinado a eliminar ou vencer inimigos. E tudo por quê? Porque as pessoas têm pressa. Porque todos querem chegar em seus compromissos o mais rápido possível. A única certeza é: não adianta ser bonzinho. Se você esperar que alguém seja gentil e lhe deixe passar num cruzamento, na saída de uma garagem ou de uma rua, pode esquecer. Tem que jogar o carro em cima. A regra é clara. Coloca a seta e vai. O mesmo se resolver seguir uma fila. Em 10 segundos têm vários espertinhos chegando pelo lado e passando a frente. Resultado: quem foi correto não sai do lugar.
Pior do que esses são os que param o carro onde der na telha. Parece que o motorista foi tomado por um momento de cegueira e não consegue ver o caos que está causando porque quis estacionar exatamente ali. Às vezes, bastava andar um pouco mais pra frente e tudo se resolveria. Mas, quem disse que ele se importa? E neste quesito, os taxistas são os campeões. Além de andarem a 20km/h a procura de passageiros, quando o encontram, pode estar do lado esquerdo, que certamente irão cruzar toda a pista e parar bem na sua frente. E ai de você se reclamar. Tem que ficar quieta e manter a disciplina.
Aliás, dirigir tem sido um exercício constante de paciência. Fico me concentrando para não me estressar. Fecho os olhos, ligo o som, e tento esquecer onde estou. Se alguém me fecha, conto até 10, respiro fundo e sigo em frente. Nem olho pro lado. Só há uma coisa que às vezes não resisto: botar a mão na buzina. Tem horas que é necessário. Merece! Só pra dar uma acordada, pro motorista se ligar um pouco. Ainda mais quando vejo que está falando no celular, desatento, pensando na morte da bezerra. Uma buzinadinha e a raiva vai como num exorcismo.
Ai, quer saber, chega de falar nisso! Só de pensar já estou cansada. Sem contar que o dia está apenas começando e além de tudo ainda tem a volta pra casa.....Haja paciência!!!