Molhando as Palavras

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quarta-feira, agosto 02, 2006

Trânsito: problema nosso de todo o dia

De todos os problemas da cidade grande o trânsito é sem dúvida o que mais me incomoda. Irrita. Me tira do sério. Primeiro pela perda de tempo, segundo pelo desrespeito dos motoristas, e terceiro pelo cansaço. Não tem jeito. Posso estar nos meus melhores dias, de super bom-humor, basta dar de cara com o congestionamento que o dia muda. Fica cinzento e chato. Hoje, demorei duas horas para ir da Gávea ao Centro. Tempo suficiente para ir até Itaipava (com direito a parada no Pavelka), Angra, Búzios ou qualquer outro lugar bem longe daqui. Mas não. Foi simplesmente para ir ao trabalho.Agora pare e pense. Este fenômeno acontece diariamente. Se fizermos as contas de quanto tempo de vida perdemos dirigindo dentro de um carro é capaz de muita gente nunca mais sair de casa, a não ser para bem perto e a pé.
Mas como não há opção, o jeito é se acostumar. E a vida então passa a ser programada a partir dos atrasos. Quer dizer, não dá pra pensar em distância/tempo. Deve-se sempre colocar o fator trânsito na sua programação. Sempre me dou conta disso quando dirijo à noite (aliás, desde que comecei a trabalhar no Centro fiquei meio psica em cronometrar o tempo. A meta é bater recordes). De madrugada ou após a hora do chamado rush é possível cruzar a zona sul do Rio em 10, 15 minutos. Tudo, na verdade, é muito perto. Mas, infelizmente, aqui na cidade maravilhosa, 100 m é capaz de se tornar uma longa e dolorosa cruzada.
A primeira evidência do problema está na quantidade de ônibus. Pior, ônibus que fazem praticamente o mesmo trajeto. E geralmente esses são os que passam a cada três minutos, enquanto os outros que só tem uma linha para tal lugar demoram mais de 20 para chegar. A incompetência do governo é tanta que ao invés de construírem um metrô ligando a cidade toda, ou pelo menos os bairros da Zona Sul, eles inventaram uma linha de ônibus grátis para completar o percurso. É ou não é muita falta de vontade? Se o transporte público fosse um pouquinho melhor, tenho certeza que o trânsito iria melhorar bastante. Eu, por exemplo, jamais pegaria meu carro se tivesse um metrô perto de casa para me trazer até o Centro. E tenho certeza que muitos fariam o mesmo.
Outro grande fator é o desrespeito dos motoristas com o próximo. É incrível como o ser humano consegue demonstrar todo o seu egoísmo quando está dentro do carro. O cara pode ser o mais calmo, o mais gente boa, pacífico na vida familiar e com os amigos. Bastou entrar no carro que o sujeito se transforma. Parece que vestiu a farda e acabou de se tornar um soldado de guerra obstinado a eliminar ou vencer inimigos. E tudo por quê? Porque as pessoas têm pressa. Porque todos querem chegar em seus compromissos o mais rápido possível. A única certeza é: não adianta ser bonzinho. Se você esperar que alguém seja gentil e lhe deixe passar num cruzamento, na saída de uma garagem ou de uma rua, pode esquecer. Tem que jogar o carro em cima. A regra é clara. Coloca a seta e vai. O mesmo se resolver seguir uma fila. Em 10 segundos têm vários espertinhos chegando pelo lado e passando a frente. Resultado: quem foi correto não sai do lugar.
Pior do que esses são os que param o carro onde der na telha. Parece que o motorista foi tomado por um momento de cegueira e não consegue ver o caos que está causando porque quis estacionar exatamente ali. Às vezes, bastava andar um pouco mais pra frente e tudo se resolveria. Mas, quem disse que ele se importa? E neste quesito, os taxistas são os campeões. Além de andarem a 20km/h a procura de passageiros, quando o encontram, pode estar do lado esquerdo, que certamente irão cruzar toda a pista e parar bem na sua frente. E ai de você se reclamar. Tem que ficar quieta e manter a disciplina.
Aliás, dirigir tem sido um exercício constante de paciência. Fico me concentrando para não me estressar. Fecho os olhos, ligo o som, e tento esquecer onde estou. Se alguém me fecha, conto até 10, respiro fundo e sigo em frente. Nem olho pro lado. Só há uma coisa que às vezes não resisto: botar a mão na buzina. Tem horas que é necessário. Merece! Só pra dar uma acordada, pro motorista se ligar um pouco. Ainda mais quando vejo que está falando no celular, desatento, pensando na morte da bezerra. Uma buzinadinha e a raiva vai como num exorcismo.
Ai, quer saber, chega de falar nisso! Só de pensar já estou cansada. Sem contar que o dia está apenas começando e além de tudo ainda tem a volta pra casa.....Haja paciência!!!

1 Comments:

  • At 1:40 PM, Blogger Renan Oliveira said…

    Só por que voce falou, e hoje (03/08) peguei um baita trânsito. Demorei 10 minutos para andar 3 quadras (impressionante). Alias, fila de banco também pode-se comparar com engarrafamento. Haja paciência! Ainda tento entender o motivo disto, já que espaço no mundo não falta. Sei lá, mas podem inventar muitos outros viadutos para desafogar as principais vias (sim, como em filmes futurísticos mesmo) e diminuir consideravelmente algumas linhas de ônibus. Enquanto há trocentos circulares, não há sequer um ônibus que vá de Copacabana para o Humaitá, por exemplo. E onde estão os "engenheiros de tráfego" nessa hora? Talvez presos em um engarrafamento tambem
    Renan Oliveira

     

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