Molhando as Palavras

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quinta-feira, março 01, 2007

Educação começa em casa

Dizem que o mal de toda a família é que a gente não escolhe, já vem com ela. Todas têm problemas e dificilmente você encontrará uma perfeita. Não existe relação familiar sem conflitos. Mas, mesmo assim, é no núcleo familiar que encontramos nossas referências. A família está em primeiro lugar. Antes dos amigos, da escola. É a educação adquirida em casa que forma predominantemente o nosso caráter. Em “Pro dia nascer feliz”, documentário de João Jardim, o debate é focado nas escolas brasileiras. Mas, o que temos ali é muito mais. Através dos depoimentos de alunos e professores, João Jardim traça não só o cenário das instituições de ensino, como também o perfil do jovem brasileiro que chega às escolas. Infelizmente, a grande maioria dos jovens está carente. São frutos de relações falidas ou de pais ausentes.

A família do século XXI é bem diferente das de nossos pais. Os vínculos se afrouxaram. Os casamentos acabam cada vez mais rápido e a pressão econômica não deixa tempo para uma relação de qualidade entre pais e filhos. Em quase todos os depoimentos os pais são citados, seja pela falta ou pela importância de suas opiniões. Mais de um jovem afirma sentir falta do carinho da família. A falta de um beijo, de um abraço. E se ele não tem nem isso, imaginem uma boa conversa.
Outra aluna diz que é brigada com o pai porque não gosta da madrasta. A mãe já morreu. E ele, ao invés de trazer a filha pra perto, se afastou e ficou com a mulher. Hoje, essa menina de apenas 20 anos, moradora da periferia de São Paulo, já tem um filho. E aí eu me pergunto: que tipo de educação essa criança terá?

Em outro depoimento, uma menina de classe rica, estudante de um dos melhores colégios paulistas, diz que suas preocupações são muito complexas. Tem medo da morte, do que vem depois dela e do que pode acontecer com sua vida. A menina se diz cheia de perguntas e cercada de pessoas incapazes de respondê-las. Chegou a ficar deprimida, quase repetiu de ano, porque descobriu que, apesar de estudar em um colégio católico, seu pai não acreditava nos preceitos da Igreja. E ela tinha certeza absoluta que sim. Quando soube que não, a adolescente diz que tudo caiu por terra. Que os valores que ela seguia, os mesmos que ela achava ser os do pai, perderam o sentido. E ela ficou decepcionada com a própria existência. O filme mostra o antes e depois da crise, que ela diz ter superado com a ajuda de uma professora de filosofia. “Graças a Deus eu descobri que existia alguém no mundo igual a mim”, desabafa. No segundo momento da entrevista, a adolescente está á espera do resultado final das provas. Quando sai, e ela enfim tem a boa notícia que passou de ano, a primeira coisa que faz é ligar para o pai e dar a notícia. O que só afirma a forte relação entre eles. A eterna busca pela afirmação paterna.

Nas escolas das periferias a marca da adolescência é a violência. Uma das professoras diz “a escola não é diferente do mundo”. Isto é, o que eles vêem lá fora, também acontece lá dentro. Alguns já assistiram seus parentes morrer. Outros estudam para no futuro poder ajudar a família. Outros não conseguem estudar porque precisam trabalhar e colocar dinheiro em casa. E todo este estado de carência, seja de afeto ou condições de vida, se refletem no comportamento dentro de sala. Professores agredidos e desestimulados. Alunos violentos e desestimulados. Para a maioria desses jovens que convive diariamente com a violência é com ela que se resolve os problemas.

Atualmente, muitos adolescentes estão crescendo quase por conta própria. Buscam mais ajuda fora de casa do que dentro dela. Na mídia, na internet, no bate-papo entre amigos. Não por opção, mas por falta dela. Nesse turbilhão de informações que nos cerca, parece que tem faltado o essencial: diálogo. Um filho não deve ter que reivindicar carinho e atenção. Os pais é que lhe devem isso naturalmente. Mas, hoje, eles estão crescendo com pouco. E o muito que falta a escola dificilmente será capaz de dar. Não do jeito que eles realmente desejam.

1 Comments:

  • At 6:10 PM, Blogger Unknown said…

    NOSSSA AADOOOREEI :D . MUITO BOA EES MATERIA ARA O JORNÃL DA ESCOLA . MUITO OBRIGADA ;

     

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