Molhando as Palavras

Blog de curiosidades, opinião, crônicas e afins.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Trem do Samba

Outro dia peguei carona no trem da Central,
E fui parar em Oswaldo Cruz.
Louvei o samba como os índios a terra.
Perdi-me pelas ruas de Madureira.
Deixei-me levar pelo batuque do pandeiro,
Com orgulho na alma de ser brasileiro...
Ah, o samba.
Do gingado malandro,
Do rebolado,
Da mulata faceira,
Do verso improvisado.
Lá, vi senhor bater palma como criança,
Entrar na roda de partideiro
E beijar o cavaco como se fosse a esposa.
Vi moça levar cantada
E quase dar tapa na cara
Quando o safado perguntou:
- Você levou mordida de abelha ou sua bunda é mesmo esse jardim do Éden?
É tudo simples,
Sem lero-lero.
Basta um chocalho
E uma cuíca
Pro coro ficar completo.
No fundo de um quintal
Todo mundo é bamba.
Mesmo quem nunca ouviu o samba.
Cervejinha gelada pra relaxar,
Queijo coalho na brasa pra salgar.
Tudo é festa.
Não precisa saber cantar.
E assim a roda segue no improviso.
Ela mexe as cadeiras,
Ele arrasta as sandálias,
O cavaco dá o tom,
Até o sol raiar
Assim é o samba: a verdadeira poesia popular!