Molhando as Palavras

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segunda-feira, novembro 27, 2006

Filosofia de botequim

Porque estamos sempre desejando algo a mais do que já temos? Será o homem capaz de gozar uma satisfação plena? Freud diria que não. Segundo ele, este estágio de plenitude nada mais é que um atestado de óbito. A insatisfação é condição sinequanon para estarmos vivos. É ela que nos alimenta, que nos move. Isto é, a falta de desejo só acontece quando estamos mortos.
Levando a teoria de Freud um pouco mais próxima de nosso cotidiano, eu diria que o ser humano morre e renasce várias vezes ao dia (isso não foi ele quem falou, sou eu quem estou dizendo). Se toda a vez que saciamos um desejo plenamente, morremos, então os simples atos podem ser bom exemplos pra ilustrar a nossa morte/vida diária. Tais como: comer, fazer coco ou xixi, atingir o orgasmo, e por aí vai. Todas as vezes que saciamos uma vontade, morremos. Mas logo voltamos a desejá-las. E assim nos mantemos vivos.
É claro que Freud está falando de desejos muito além de nossas necessidades fisiológicas. Essas tais vontades estão na sua maioria na ordem do inconsciente. Isto é, mesmo que nos demos por satisfeitos, sempre haverá uma pulguinha atrás da orelha nos pedindo para querer mais. E então passamos a vida toda sem conhecer a plenitude, mas sem perder a esperança que um dia chegaremos a ela.
Freud diz que o homem não consegue viver com a ausência de desejos porque não existimos sem conflitos. Nesse sentido concordo plenamente com ele. Ou você conhece algum ser humano que não os tenha? Questionar, optar, abdicar, querer são alguns exemplos de ações diárias que transformam desejos em conflitos. Pelo simples fato que nem sempre querer é poder. Estamos sempre em processo de negociação com a gente e os outros para tornar nossos desejos possíveis e reais. Daí o conflito, o combustível primordial de nossa existência.
Desta forma chego à conclusão que a insatisfação é algo normal e não um problema. E que se por acaso acreditarmos estar plenamente satisfeitos com a vida, é melhor desconfiar e prestar atenção. Pode ser que já estejamos mortos e ainda não temos nos dado conta.

2 Comments:

  • At 7:55 PM, Anonymous Anônimo said…

    Pensei qeu eu fosse um caso perdido.
    Fiquei feliz de saber que Freud já detctara isso há muito ...

    ¨Desejo, necessidade, vontade¨

     
  • At 8:13 PM, Anonymous Anônimo said…

    inspiradíssima, Nandinha, gostei. Nada de exclusão de sentimentos, todos são em si plenos, gozemo-os.
    bjs
    Maria.

     

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