Molhando as Palavras

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quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Vidas cruzadas

Muitas vezes, tudo o que mais queremos é ter controle sobre o futuro. Saber o que vai acontecer amanhã e assim se preparar para o destino. Porém, esta é uma tarefa impossível. O máximo que podemos prever é que toda ação pressupõe uma reação. Isto é, a gente colhe o que planta. Sem cair no piegas é mais ou menos isso: quem semeia vento colhe vento. Quem semeia tempestade colhe tempestade, e por aí vai. Mas assistindo ao filme “Mais estranho que a ficção” (está em cartaz e vale muito a pena ver), fiquei me questionando até que ponto somos capazes de escrever nossa própria história. Será que realmente temos “controle” sobre ela? Somos nós que escolhemos nossos caminhos ou há algo maior que nos leva? E mais, até que ponto nossas ações interferem na vida dos outros?
A teoria do Efeito Borboleta (parte da Teoria do Caos) é mais ou menos isso. Diz que o bater de asas de uma simples borboleta pode influenciar o curso natural das coisas e, talvez, provocar um tufão do outro lado do mundo. A fim de evitar este tipo de catástrofe os matemáticos desenvolveram fórmulas para prever o acaso e diminuir as possibilidades de situações caóticas. Na vida isso também ocorre. Nossas ações são capazes de transformar não só nosso próprio caminho como provocar desvios a terceiros. E para que os danos sejam os menores possíveis tentamos ao máximo analisar as escolhas, de forma a acreditar termos feito a melhor delas.
Basta pensar numa simples situação. Todos os dias eu pego meu carro e vou para o trabalho às 9h. Um dia, por acaso, resolvo sair mais cedo. Esse é justamente o horário que Henrique está indo para o colégio. Ele vai todos os dias a pé, acompanhado da empregada. Um carro perde o controle, atropela Henrique, e vai embora sem prestar socorro. Diante da cena, paro imediatamente e levo o menino para o hospital. Lá, conheço o pai de Henrique, Otavio, e nós ficamos amigos. Da amizade vem o flerte. Do flerte o namoro, casamento e filhos. Otavio, que era viúvo e não se relacionava com ninguém desde a morte da mulher, de repente se vê com uma nova família. E assim, por uma fatalidade do destino e por uma questão moral (outra pessoa no meu lugar poderia ter passado sem socorrê-lo), eu, Fernanda, interferi na vida de alguém que não conhecia. A partir daí, nossas rotinas mudam completamente. Assim como de todas as pessoas que convivem conosco. Ou seja, o encontro acarretou transformações que vão além do efeito imediato.
São muitas as possibilidades de “conseqüências” que nossas ações podem trazer sem talvez nos darmos conta das dimensões delas. Nesse caso, a gente nunca escreve nossa história sozinho. Há sempre coadjuvantes que nos levam ao destino, seja ele qual for. Pessoas que entram em nossa vida (ou já fazem parte) e de repente mudam o rumo que pensávamos dar a ela.
Agora, se somos capazes de tal poder em apenas um encontro, imagine com aqueles que convivemos todos os dias? Nossas ações certamente influenciam o caminhar delas. Pessoas que seguem nossos conselhos ou que se espelham em nós. Pessoas que às vezes magoamos, que introduzimos experiências novas (sejam elas boas ou ruins, que ajudamos a chegar a um objetivo, enfim, somos sempre sujeitos de uma ação que terá um resultado. Existem ainda as ações que nem sempre fazemos diretamente para o outro ou com o outro. Muitas vezes, quando tomamos decisões que diz respeito somente a nós, podemos gerar mudanças para todo o resto. É um quebra-cabeça interminável. E pra completar o nosso, às vezes temos que “roubar” peças alheias.
Ninguém está só no mundo. Fazemos parte de um mesmo planeta, uma mesma sociedade, mesmo bairro, mesmo grupo de amigos, mesma família, enfim, sempre terá um alguém em contato. Por isso, é preciso se dar conta do poder de nossas ações. Nós somos capazes, sim, de mudar uma história. De refazer caminhos, descobrir outros novos, e assim, traçar um recomeço. A única coisa que não somos capazes é de mudar o final. Porque esse é igual pra todos. O que nos diferencia é como e quando. E isso, felizmente, é o grande mistério que torna o ato de viver tão especial
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2 Comments:

  • At 1:01 PM, Blogger Unknown said…

    FERNANDA, QUEM EH ESSE HENRIQUE??!!!!!!!!??????????????!!!!!!!!!!!!????!!!!!!?????!!!!!

     
  • At 1:10 PM, Blogger Unknown said…

    O que realmente importa é se as suas decisoes sao lapidadas para um encaixe na moldura da vibracao positiva. Se for feito assim, o que vier é lucro!

     

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