Molhando as Palavras

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segunda-feira, março 05, 2007

A matemática do amor


O casamento do século XXI já vem com uma planilha de Excel embaixo do braço. São tantos os planos, economias e cálculos necessários para que a união de um casal aconteça que muitas vezes ela se torna inviável. O mundo contemporâneo nos encheu de gastos. A era da tecnologia trouxe a conta do celular, da TV a cabo, dos aparelhos eletrônicos, da internet. A era do trabalho e da independência financeira trouxe a falta de tempo para o lar e, com isso, a necessidade de uma m.d.o que substitua a sua ausência. Filhos só com babá ou enfermeira. Mesmo nos fins de semana, afinal é o dia do descanso. Depois que completou um ano, ainda tem que ter o dinheiro da creche. Faxina e comida na geladeira só se tiver empregada. Sem contar a era do lazer. São tantas as opções que não se pode faltar no orçamento uma quantia generosa para a diversão (quem não gosta de um belo jantar no restaurante do momento?).
Nos tempos de nossos avós a vida era bem mais fácil. Por isso, as famílias eram maiores. As mulheres ainda cuidavam da casa, os maridos iam do trabalho pra cama e dificilmente esticavam a noite depois da labuta. Diversão era a família. Ir à praia, ao parque, ao cinema. Ou porque não ficar em casa? Atualmente, são tantos os atrativos fora do lar que ninguém consegue passar o dia lendo no sofá. E quando resolve ir pra rua é com a certeza de que "dinheiro na mão é vendaval". Consumo, consumo, consumo. È a marca da nossa era.
Os filhos foram substituídos pelos artigos acima citados. Não dá pra ter a qualquer hora. É preciso muita estabilidade para colocar uma criança no mundo. Até porque todos querem ter o melhor carrinho, as melhores roupas, a mamadeira importada, a chupeta antialérgica (nem sei se existe, mas vocês estão entendendo onde quero chegar), a melhor fralda (alguém inventou que é a Pampers e todas as mães acreditaram), e sei lá mais o quê. Se não for assim é muita raça!!! Já foi o tempo em que a mãe cuidava de quatro ao mesmo tempo, sem ajuda de ninguém e ainda tinha que lavar fraldas de pano.
Já foi o tempo também que casamento significava incondicionalmente compartilhar. Os relacionamentos de hoje prezam acima de tudo pela liberdade/individualidade. Se tiver um banheiro pra cada um, excelente. Duas TVS, dois dvds, e quem sabe um quartinho extra pra dar uma aliviada de vez em quando. A única coisa que os casais não deixam de dividir são as contas. Questão de sobrevivência.
Há quem aposte no fim do casamento tal qual conhecemos hoje. Cresce o número de adeptos pela união à distância, ou seja, somos casados, mas cada um no seu canto, no seu lar. Eu, particularmente, prefiro à moda antiga. Casamento é casamento. É aprender a dividir, renunciar e construir juntos. Pode até ser que dê certo, porém deixa de ser casamento. De fato, o homem contemporâneo é bem diferente do de outrora. Tenho a impressão de que ele desaprendeu a dividir. Ou simplesmente, em nome desta cobiçada liberdade, tenha optado deliberadamente por ser mais egoísta, mais self e, conseqüentemente, mais só.

1 Comments:

  • At 4:29 PM, Anonymous Anônimo said…

    Nem me fale, Fe, depois de um ano e meio de casamento, ainda nao cheguei a conclusao se é melhor dividir o banheiro ou ter uma pra cada... Bjs, Tati

     

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