Molhando as Palavras

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segunda-feira, março 12, 2007

Dia Internacional da mulher

Semana passada foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. E como sou uma delas, não poderia deixar de falar sobre algumas de suas conquistas. Mal ou bem, os homens não tiveram tanto pelo que lutar. Já nasceram com todos os seus direitos estabelecidos: o do trabalho, do voto, da liberdade sexual, etc. Nós, não. Foi preciso muita luta e mudanças constitucionais para que nossos direitos fossem resguardados legitimamente. Um deles, o voto, completa 75 anos agora. Até 1932, aos olhos da lei, a mulher não era cidadã. E até hoje ainda sofremos preconceito. Apesar do tempo que se passou a batalha continua e se pararmos pra analisar o avanço da participação feminina na esfera pública pode ser que não tenhamos tanto o que comemorar.
A idéia do sexo frágil, incapaz de realizar atividades que exijam raciocínio e habilidade, já não é preponderante, mas, ainda hoje, há quem resista receber ordens de uma mulher. A cultura nos acostumou a enxergar o feminino como algo inferior no mundo do trabalho, com exceção das tarefas domésticas, claro. Os números comprovam a inferiodade feminina. Segundo matéria publicada na Folha de São Paulo 70% das pessoas mais pobres do mundo são mulheres. Nós produzimos metade dos alimentos, mas menos de 2% da classe feminina são proprietárias de terra. As mulheres respondem por 2/3 das horas trabalhadas, mas recebem apenas 10% da renda. Entre 1996 e 2006 a taxa de desemprego feminino oscilou de 6,1% para 6,6%, o que significa um aumento de 1,5 milhão de desempregadas mundialmente. Um estudo concluiu que as mulheres ganham no máximo 90% do salário dos seus equivalentes masculinos em determinados setores. Em profissões de alto nível, o salário feminino corresponde a 88,8% do masculino. Para completar o quadro, 2/3 dos 800 milhões de adultos analfabetos são mulheres.
O preconceito e a dificuldade do sexo feminino de garantir seus direitos também se reflete na política. A representação feminina nas câmaras e no senado é muito aquém do esperado e atualmente há um medo real de que em pouco tempo não haja qualquer representante feminina no Congresso. Por lei os partidos são obrigados a reservar uma cota de 30% para candidatas. Mesmo assim são poucos os que cumprem, sem qualquer tipo de punição pela falta.
A importância de se ter mulheres no poder é a garantia de que teremos alguém olhando por nossas causas. Direito à creches e pré-escola, licença maternidade, direito ao divórcio, entre outros, foram conquistas que não caíram do céu. Pelo contrário. Foram adquiridas graças à representação feminina no governo. Questões até hoje debatidas como a liberação do aborto, projeto de lei da Jandira Feghali, campanhas contra a violência doméstica, de Roseana Sarney, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis considerada urgente pela deputada Perpetua Almeida, só estão em pauta porque existem mulheres lá para lutar por isso. Pena que esta participação esteja estagnada. Segundo pesquisas, o sexo feminino representa menos de 10% do total de políticos nas duas Casas. Do ano passado pra cá, apenas mais três mulheres se elegeram deputadas, aumentando o número de 42 para 45 cadeiras femininas. Um retrocesso imperdoável após tantos anos de luta.
No entanto, não podemos negar que há outros indicadores positivos sobre a situação atual das mulheres. É com maior freqüência que as vemos ocupando cargos de direção e em profissões antes reservadas aos homens. Sem contar o avanço da liberdade sexual. Por isso, acho justa a homenagem a nós. É por todo o esforço de se impor e ter conquistado seu espaço numa sociedade patriarcal que temos um dia em nossa homenagem. Não só para comemorar as conquistas (ainda que poucas, mas importantes), mas também para lembrarmos das dezenas de heroínas que se foram e de tantas outras espalhadas por esses “Brasis” a fora.

1 Comments:

  • At 5:30 PM, Anonymous Anônimo said…

    Parabéns as mulheres!! Realmente o avanço conquistado nos últimos 40/50 anos é espetacular. Claro que a muita estrada pela frente, mas isso depende primordialmente de vocês não ficarem acomodadas com as conquistas do passado. Terão o meu apoio e com certeza de vários homens mundo afora. Quanto a dircriminação no mercado de trabalho não é só com as mulheres, mas também e principalmente contra negros. A OIT - Organização Internacional de Trabalho - tem vários dados bem interessantes. Só deixa eu dizer uma coisa e reflita antes de falar. Conheço inúmera smulheres que volta e meia se queixam da gurrra do dia a dia e evocam que as mulheres do passado que ram felizes...também vejo muitas mulheres concientes dos direitos adiquiridos mas não dos deveres que vem junto com os diretitos...talvez fosse matéria interessante pra uma futura resenha, pense nisso.
    Beijo grande,

    Rafa

     

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