Molhando as Palavras

Blog de curiosidades, opinião, crônicas e afins.

terça-feira, junho 06, 2006

Missão Impossível 3, o (não) filme!

Não sei quem de vocês já teve a infelicidade de assistir “Missão Impossível 3”. Eu tive. Aconselhada pelo bonequinho do Globo resolvi me aventurar. Me dei mal. E como sei que muitos também confiam nele, achei que deveria fazer uma critica (sem blá blá blá técnico) de utilidade pública. Quem sabe não ajudo alguém a poupar tempo e dinheiro indo assistir outra coisa que não isso que eles cismam em chamar de cinema? O fato é que toda a vez que assisto filmes deste tipo, olho pra tela me achando uma legítima idiota. Tudo bem eu já devia saber disso. Afinal, é um longa de ação e o próprio nome já diz o que vem pela frente. Mas como sou muito teimosa, sempre acho que há uma chance de ser melhor que o anterior. Acabou sendo pior.

Pra começar, é tanto barulho, tanto tiro a esmo, que eu só conseguia lembrar daquele anúncio da aspirina, em que o comprimido gigante cai em cima da banda de pagode acabando com a música. Era tudo o que precisava. Em segundo lugar, não há nada mais piegas e mal feito que o roteiro. Vou dar alguns exemplos. Imaginem a cena: o nosso querido Tom (Cruise) tem exatamente seis minutos para pular que nem Tarzan de um prédio para o outro (estamos falando do mais alto do mundo), invadir o outro prédio, e recuperar o “pé de coelho” para salvar a vida de sua esposa. Os companheiros estão a sua espera no carro, contando cada segundo que ainda resta, já lamentando o possível fracasso de Tom. De repente um deles começa a rezar em voz baixa. Então temos o seguinte diálogo.

- O que você está fazendo?
- Rezando.. (pausa). Sabe, quando eu era garota, eu tinha um gato. Ele sempre fugia de casa, então tudo o que podia fazer era rezar para que ele voltasse.
- Puxa (sei lá a interjeição, mas algo parecido), você me ensina essa reza?

Nem preciso comentar. Existe conversa mais sem nexo que esta? Será que a intenção do roteirista era mostrar a fragilidade daqueles pseudos super-heróis? Dizer que eles também sentem medo, têm frustrações? A intenção pode até se válida, agora o modo que ele encontrou foi de tirar o chapéu. Mas tem outra que consegue superar esta. Mais uma vez nosso amigo Tom está numa enrascada daquelas. Ele tem uma bomba ativada dentro de sua cabeça (detalhe,injetada pelo nariz), prestes a explodir a qualquer momento. A única alternativa para desativa-la é recebendo uma alta carga de energia, ou seja, um choque fatal (só em filme não é). Então, ele pede para que sua esposa gentilmente o faça (a essa altura já havia sido encontrada). Ele coloca um palito de sorvete na boca (que eu nem sei de onde veio e pra quê) e na hora que ela vai puxar a alavanca ele fala:
- Peraí! (tira o palito da boca). Eu te amo.
- Eu também (responde ela).

E então, corajosamente, eletrocuta o marido (vocês precisam ver essa cena, é sério!).

Continuando, Tom fica desacordado durante um tempo. O suficiente para sua esposa, uma mera enfermeira, se tornar a melhor atiradora de elite do mundo. Minutos antes do choque ele ensina em cinco segundos como ela destrava, carrega, atira, recarrega, e trava a arma novamente. Claro que ela aprendeu (nem tava nervosa nem nada). E no tempo em que ele está desmaiado os inimigos aparecem e ela mata todos com tiros certeiros. Inclusive, uma das vitimas já havia sido morta por Tom (se não matou pelo menos fez estrago suficiente para deixar o cara impossibilitado de pensar), mas milagrosamente ele ressuscita e pede pra morrer de novo. Tiro na testa, agora só resta salvar o marido. Aí vem o melhor: basta uma respiração boca a boca para ele reviver do choque (isso o roteirista pensou. Ela é enfermeira). Ela o pega nos braços, se beijam. Quando param, ele olha pro lado, vê os corpos no chão e pergunta: “Foi você? Uau!!”(neste momento o cinema inteiro começou a rir. Não da admiração dele, claro, mas da piada que o filme se tornara).

Na verdade, só a presença do Tom Cruise me irritou de primeira. Não sei se por causa dessa história de comer placenta ou por causa do surto durante um programa de TV se declarando para a mulher da vez. Sei que ele parece pior ator que nos outros filmes. Aliás, ele devia se chamar “Forrest Gump” neste Missão Impossível, porque a única coisa que ele faz, além daquelas caras de coitadinho, é correr.

Só pra completar o filme termina propositalmente com uma interrogação: o pé de coelho. Provavelmente, quem quiser saber do que se trata vai ter que assistir “Missão Impossível 4”. Eu to fora. Porque cá pra nós, missão impossível mesmo é conseguir gostar desse filme.