Molhando as Palavras

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segunda-feira, junho 26, 2006

Enquanto houver samba...

Quem assiste Belíssima já deve ter reparado numa música chatinha, em inglês, muito parecida com a canção “É isso aí”, que agora toca insistentemente entre uma cena e outra da novela. Pois é, como se não bastasse termos que ouvir há mais de seis meses, diariamente, a cada três minutos, Seu Jorge e Ana Carolina gritando no rádio, agora somos obrigados a ouvir a versão original da música na TV. Foi então que me lembrei de uma crítica muito boa feita há um tempo por Xexéo em uma de suas colunas sobre a versão da dupla brasileira. A observação hor concour foi a respeito da frase “eu não sei parar de te olhar”, o refrão da canção. O verso original é “I can’t take my eyes of you” que pra ficar bonitinho foi trocado pelo verso anteriormente citado. Provavelmente ninguém parou pra pensar o que raios isso quer dizer. Porque, como é que alguém não sabe parar de olhar o outro? Você pode até não querer, não conseguir (como diz a original), não poder. Agora, não saber!? Convenhamos, trata-se de um acinte a língua portuguesa.
Pior que isso é saber que fatos como estes são rotineiros dentro da mpb. Tanto que Xexéo chegou a criar o concurso “Zum de Bezouro” em homenagem a Djavan, que conseguiu fazer a letra mais sem nexo do último século. O concurso é um sucesso e a cada edição ficamos cientes da quantidade de aberrações produzidas por nossos compositores.
Outro bom exemplo, que na minha opinião está entre as 10 maiores picaretagens da música nacional, é a letra da canção “Lenha”, de Zeca Baleiro. Vamos a ela: “Eu não sei dizer o que quer dizer o que vou dizer. Eu amo você, mas não sei dizer o que isso quer dizer. Eu não sei por que eu teimo em dizer que eu amo você, se eu não sei dizer o que quer dizer o que vou dizer”.
Como uma pessoa gasta uma estrofe inteira para dizer absolutamente nada? E pior, confessando que não está dizendo nada! Numa boa, acho que ele deveria ter ficado calado, já que ele não tem a menor idéia do que está dizendo. Não venham dizer que é falta de sensibilidade minha, que ele está sendo poético. Não cola. Não convence. É sim, uma porcaria. Existem milhões de maneiras de dizer o que ele queria dizer, mas acho que ele escolheu a pior. Se bem, que pelo que entendi, ele não queria dizer nada!
A continuação também não fica pra trás. Prestem atenção: “Se eu digo pare você não repare no que possa parecer. Se eu digo siga, o que quer que eu diga, você não vai entender (ai meu Deus, como é confuso esse homem!!!!!) Mas se eu digo venha você traz a lenha pro meu fogo acender”. Entenderam agora o porquê do título da canção? Sim, a palavra lenha está aí (ufa!). Aliás, existe algo mais cafona do que esta última frase? Rewind, please.
Tudo bem, não sou nenhuma crítica renomada de música, mas graças a Deus tive em casa bons professores, que desde pequena me fizeram ouvir o que até hoje existe de melhor na MPB: os clássicos. Estes são sempre bem-vindos. Pode ser na literatura, no cinema ou na música. Se você não conhece os clássicos, me desculpe, não conhece nada.
Por isso, meu último alento e que me mantém esperançosa é saber que existe o samba. Enquanto ele estiver vivo, seja nos bares, nas rodas, ou nas rádios (o Noca da Portela vai tratar disso), acredito que estaremos a salvo. Quanto ao resto, a gente vai levando, ouvindo, selecionando e se divertindo às custas deles....

2 Comments:

  • At 4:55 PM, Anonymous Anônimo said…

    "Ripito" ...só tô comentando agora , mas tenho lido sempre seu blog ! Tô adorando !!! Parabéns !!!
    Beijo grande

     
  • At 10:40 AM, Anonymous Anônimo said…

    Viva o samba!!E a Nanda!
    Bjss
    Carolita

     

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