Molhando as Palavras

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quinta-feira, junho 29, 2006

Slow Europe - divulgue esta idéia!

Assim como a maioria dos brasileiros fui liberada terça-feira para assistir o jogo do Brasil. Pena que nem todos tiveram a mesma sorte ou privilégio (como preferirem chamar), e sem a piedade dos chefes foram obrigados a voltar ao batente logo após a partida. Alguns nem sequer saíram do trabalho. Outros trabalharam apenas de 8h às 11h. Coincidentemente, no mesmo dia, recebi de uma amiga um email sobre um movimento chamado Slow Europe, uma extensão de um outro antigo movimento, o Slow Food, com sede na Itália. Ambos têm como ideologia dizer "não à pressa" indo na contramão dos princípios americanos "time is money" ,"do it now" e tudo o que eles representam.
Segundo a Slow Food International Association as pessoas devem apreciar suas refeições como momentos importantes do dia. Isto é, comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo seja no convívio com a família, sozinho ou com os amigos. A idéia, claro, é se contrapor ao espírito do "fast food" cada vez mais difundido em todo o mundo. No caso do Slow Europe a proposta é a mesma, porém tendo como foco a qualidade de vida do trabalhador. O argumento é claro: o número de horas trabalhadas não é diretamente proporcional à produtividade do empregado/empresa. Prova disso, segundo a revista Business Week, é que embora na França a carga horária seja menor (35 horas semanais) os franceses apresentam uma produtividade maior que americanos e ingleses. O mesmo constatou-se na Alemanha onde a carga máxima foi reduzida para 28, 8 horas semanais, obtendo-se um aumento de 20% na produtividade de seus empregados.
Dados como esses confirmam que trabalhar sem pressa e em menor tempo não significa fazer ou produzir menos, e sim com mais tranqüilidade, vontade e perfeição. De que adianta um empregado cansado, estressado e sem tempo livre para relaxar e viver? A “sanidade” humana também depende de outros estímulos além da obrigação.
Neste caso, o Slow Europe significa muito mais que a simples redução da carga horária. “Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do local presente e concreto em contraposição ao global (indefinido e anônimo). Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais leve e, portanto, mais produtivo, onde seres humanos, felizes, fazem com prazer o que sabem fazer de melhor” (Wagner Algonizo, autor do email).
É difícil pensar desta forma quando diariamente somos obrigados a acreditar que o sucesso profissional é sinônimo de escravidão. Para ser bem-sucedido é preciso viver o trabalho, respirar o trabalho. Só assim a pessoa é vista como o empregado ideal. O que poucos conseguem ver é que o bom profissional é aquele que cumpre seus deveres, mas também tem outros interesses e vontades. Não é o que sabe apenas o que lhe é de ofício, pelo contrário, é o que consegue olhar em volta, aplicando os saberes “mundanos” na sua profissão. Já que não somos máquinas, caráter e personalidade também fazem parte do currículo. Tudo o que se aprende em casa, com a família, os amigos, nas conversas de botequim e viagens, são importantes para o homem-empregado. Pois se este é infeliz fora do trabalho será mais ainda enquanto estiver nele.
Por isso, fico extremamente esperançosa em saber que existem pessoas em prol desta corrente e que o Slow Europe cresce a cada dia, a ponto de incomodar os americanos mais céticos. Quem sabe ele chegue aqui e faça com que os chefes brasileiros revejam seus conceitos e criem novas regras para investir na “qualidade do ser” ao invés de pensar apenas na “quantidade do ter”. Tenho certeza que qualquer empregado ficará muito mais satisfeito e orgulhoso se perceber que a empresa onde trabalha se preocupa com seu bem-estar dentro e fora dela. E quem sabe, na próxima copa, eles deixem os pobres subalternos assistirem os jogos sem preocupação. Afinal, só acontece de quatro em quatro anos. Tempo suficiente para recuperar qualquer trabalho perdido.

7 Comments:

  • At 3:03 PM, Anonymous Anônimo said…

    Boa, Nanda! Já aderi ao movimento, Slow Brasil o quanto antes! Sempre defendi o direito de ir pra casa quando o trabalho estivesse feito. Acho um saco essa coisa de ficar na empresa além do necessário, só pra cumprir horário ou, pior ainda, pra ser notado pelo chefe. Carga horária não é sinônimo de trabalho bem feito. Beijos!!!

     
  • At 4:24 PM, Anonymous Anônimo said…

    Adorei Nanda e concordo plenamente com as "pregações" do movimento! Viva a qualidade de vida! Que os momentos de prazer sejam muitos!!!! Viva o trabalho bem feito, bem executado e com motivação! O pior é que já ouvi da boca de executivo (chefão) de multinacional que DETESTA funcionário "que trabalha de 9 às 18hs"... Assim, não dá né?! Mentalidade pequena! Se o trabalho for bem feito nesse período, porque não ir embora às 18 em ponto???
    Grande beijo

     
  • At 7:35 PM, Anonymous Anônimo said…

    Oi Nandalinda,
    Já sou adepta desse movimento desde que saí do escritório de arquitetura onde trabalhei como estagiária.
    Agora com o Ideias Urbanas, meu escritório, posso utilizar tudo o que aprendi para "NÃO" FAZER COM MEUS ASSISTENTES. Pode levar trabalho para casa, pode usar o MSN, pode fazer ginástica, pode comer, pode ver o jogo e não vir trabalhar. Pode escolher a música que quiser e pode rir, pode ser feliz, pode aprender, ensinar, se humanizar. Sei que estão felizes e aprendendo junto comigo. A idéia é ser sério e responsável, mas também informal e divertido. Trabalho tem que ser prazer, senão vira tortura. E na arquitetura a mente criativa brinca com os objetos que ama. No meu escritório o gato e o cachorro ficam aos meus pés, a gente para para conversar, tomar café, relaxa e volta para desenhar. Isso ajuda na evolução e na transformação pessoal de cada um, traz gratidão e segurança. E funciona viu!! Essas pessoas que não se adaptam ás mudanças FICAM ENGESSADAS, CHATAS E ULTRAPASSADAS.
    beijoca

     
  • At 1:02 AM, Anonymous Anônimo said…

    Ainda bem que a minha chefa e gente boa!
    Vc ta me surpreendendo a cada dia!
    Slow Brasil urgente!
    Bjs
    Carolita

     
  • At 11:08 AM, Anonymous Anônimo said…

    Valeu Nanda!!!
    Chega de pensamentos miúdos!!!
    Bj

     
  • At 8:06 PM, Blogger Daniel said…

    Nandissima, mandou muito bem.
    Concordo totalmente com o movimento, que já ganhou + um adepto.
    Daniel Braga (dadá)

     
  • At 6:11 PM, Anonymous Anônimo said…

    FAST, SLOW EUROPE, PRECISAMOS DE VOCE.
    BEIJOS

     

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