Molhando as Palavras

Blog de curiosidades, opinião, crônicas e afins.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Como nossos pais....

Assim como todos os cariocas, também fiquei muito chocada com o acidente brutal que tirou a vida de cinco adolescentes semana passada. Não faz muito tempo, também era uma, e como todos, me aventurei muito por aí. Mas fiquei mais chocada ainda com a insensibilidade da juíza Ivone Caetano, que após uma perda irreparável para esses pais, ainda vem a público dizer que a culpa é deles. Não sei quantos anos a juíza Ivone tem. Se ela tem filhos. Parece-me que não, porque se tivesse não teria coragem de dizer isso publicamente. Primeiro porque ela não sabe sobre quem está falando. Não conhece a família dessas pessoas, o tipo de educação que esses jovens recebiam, ou seja, nada. Segundo, porque é preciso ter o mínimo de respeito ao luto desses pais que acabaram de perder seus filhos e que com certeza já carregam a culpa de não estarem lá para salvá-los. E terceiro porque estamos falando de pessoas, não de animais domésticos que podem ficar trancafiados em casa (o que também não resolve nada).
Fatalidades acontecem todos os dias. Imprudências também. E não só cometidas por adolescentes. Basta ler os jornais para se constatar isso. Mas o que de fato interessa é que nem sempre a causa é a negligência de quem educa. Os pais têm sim o dever de ensinar, alertar e punir se for o caso. Mas não podem proibir que seus filhos vivam e cresçam para o mundo. Dentro de casa, os pais são as autoridades. E fora dela é a lei. É impossível manter um adolescente sobre total controle. Os jovens são assim. Transgredir, superar limites, não temer o risco significa existir. É uma fase da vida em que o lema é experimentar. Por mais que a vigilância seja severa, pode ter certeza que eles arrumarão algum jeito de fazer. E se fazem escondidos é justamente porque não têm a aprovação dos pais.
E não adianta achar que dentro de casa eles estão seguros. Até mesmo diante dos seus olhos os adolescentes são capazes de cometer atos reprováveis. Basta ver o problema de assédio sexual na internet. Basta ver jovens viciados em droga que dentro de casa se comportam como anjos e fora dela se arriscam diariamente para sustentar o vício. Quantos jovens dizem que passam a tarde na escola e matam aula? E você, não vai acreditar na palavra de seu filho se ele diz que vai dormir na casa de um amigo?
Ninguém educa um filho sozinho. Para isso servem as leis. Para isso servem as escolas. Fora de casa o responsável pelo cidadão é também o governo. Ele tem que garantir que o jovem menor de idade não vai beber, não vai dirigir alcoolizado, não vai entrar em boates. Se a lei fosse realmente cumprida, os pais teriam certeza que seus filhos podem sair à noite, se divertir, sem correr tantos riscos. O dever de proibir é da fiscalização.A responsabilidade quando um adolescente entra numa boate e consome bebida alcóolica não é do pai. É do estabelecimento, que por sua vez só ignora a regra pois sabe que a impunidade existe. É na falta de rigor do poder público que este tipo de crime ocorre.E a única forma de mudar é fazer com que os jovens, as casas noturnas e os bares tenham medo da lei. Tenham a certeza de que se cometem delitos serão punidos.
Trancar adolescentes dentro de casa como se fossem eternas crianças não resolve. É também nos erros que aprendemos a acertar. É na experiência que crescemos. E um jovem que fique vendo a vida passar sem correr riscos, superprotegido, certamente será uma pessoa reprimida, insegura e infeliz, pois se tornará um adulto sem iniciativa e sem histórias pra contar.
Deixamos de tentar achar culpados para essa tragédia. Que isto sirva de alerta. E que todos os jovens aprendam com ela, porque não existe dor maior no mundo para um pai do que ver um filho perder a vida tão cedo.

2 Comments:

  • At 12:08 PM, Blogger Renan Oliveira said…

    Não adianta falar que se eles não fossem menores de idade, não entrariam na boate, não beberiam, e sequer sofreriam o acidente. O que tiver de ser, será, sempre. Se não fosse assim, morreriam de outro jeito. É o destino. E também não adianta ficar falando que "se". Nada vai trazer a vida desses jovens de volta. O que tem que ser feito é pensar em como evitar novos acidentes. Não tem como culpar a boate. Se o jovem quiser, vai no primeiro pé sujo da esquina e se entorna na cachaça...ou voce acha que o dono do boteco vai pedir identidade a ele? Eu mesmo cansei de beber assim...
    O que aconteceu foi uma fatalidade. Como todos morreram, as famílias se consolam. E o mais curioso é que se o motorista tivesse sobrevivido, seria o vilão da história. Concordo. É estranho pensar em uma situação assim. Eram cinco pessoas que mantinham uma amizade, mas que de repente, por um desvio do destino, teriam em suas famílias o ódio imperando.
    Acho que proibir não é a melhor solução. Eu fui jovem e odiava ser proibido de fazer algo. Quando assim era, eu ficava com mais vontade ainda de fazer. O melhor caminho é a conscientização. A conversa, o dialógo. Apesar de eu e meus amigos sempre bebermos, tínhamos a consciência do risco que corríamos, e por isso não arriscávamos. Exemplos não faltam. Agora, se o jovem não quer ouvir, ai não há o que fazer. Vá em frente, e cruze o sinal vermelho. A árvore o estará esperando...

     
  • At 11:33 PM, Anonymous Anônimo said…

    Se a lei existe, ela ha de ser comprida, pois existe uma razao pra cada uma delas. Se aventurar tem limites, e esses limites devem ser colocados dentro e fora de casa. A mae e pai devem conversar e dialogar e o mane da sky, fulano do jobi e zezinho do boteco tem q sim pedir indentidade se eh assim q pede a lei. O problema eh q nem mesmos aqueles que criaram as leis nelas acreditam , e a razao disso? Nao sei, talvez a crenca radical sobre Destino...
    Thiago

     

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